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VIDA URBANA

Caso Aryane: um ano depois a morte continua sem desfecho judicial

Em 15 de abril de 2010, um operário ligou para a polícia informando sobre o corpo de uma moça, aparentando 20 e poucos anos, jogado às margens da BR-230.

Publicado em 10/04/2011 às 9:38

Valéria Sinésio
Do Jornal da Paraíba

Foi na manhã chuvosa do dia 15 de abril do ano passado, que um operário ligou para a polícia informando sobre o corpo de uma moça, que aparentava ter 20 e poucos anos, jogado às margens da BR-230. A primeira impressão era de um crime sexual, pois a moça estava sem blusa e com o zíper da calça aberto, mas a hipótese foi logo descartada. Ao lado do corpo, um exame positivo de gravidez. Aryane Thaís Carneiro de Azevedo, 21 anos, foi protagonista de um dos crimes que mais sensibilizou a Paraíba em 2010 e que, um ano depois, ainda não teve desfecho na Justiça.

Desde que o corpo foi encontrado surgiu a pergunta: “Por que fizeram isso? O que essa moça fez de tão cruel para ser assassinada de forma covarde e brutal?”. As respostas começaram a aparecer horas depois. Enquanto a família lamentava a morte de Aryane, o estudante de direito, Luiz Paes Neto se apresentava à polícia. Até então, ele era o único suspeito do crime.

Ele era ex-namorado de Aryane e tinha se encontrado com ela na noite anterior. Na ocasião, chegaram a discutir. O motivo? A gravidez indesejada. Para o Ministério Público, Luiz não aceitava o filho e seria expulso de casa. “Ele não queria a criança e por isso matou Aryane”, disse Edjacir Luna, um dos promotores do caso.

Do outro lado, os advogados de defesa rebatiam. “Luiz Paes não concordava com o aborto, ideia de Aryane, e por isso houve discussão”. Diante dos indícios que apontavam para a autoria do estudante de direito, a delegada Ilmara Gomes pediu sua prisão temporária. Luiz Paes passou 59 dias na Central de Polícia, na companhia de uma Bíblia Sagrada e de livros de direito.

O estudante sempre negou a autoria. Enquanto isso, começaram os protestos contra a violência. A família de Aryane foi às ruas clamar por Justiça e o caso repercutiu em toda a Paraíba e até em outros estados.

Um ano depois, o caso ainda não teve um desfecho judicial. A primeira audiência de instrução aconteceu em setembro do ano passado e outra está prevista para o próximo dia 17 de maio. O temor dos amigos e familiares de Aryane Thaís é que o caso caía no esquecimento e que o assassinato seja apenas mais um na fria estatística da violência.

Thaisinha, como era chamada pela família, era conhecida como uma jovem alegre, de bem com a vida e que adorava estar na companhia dos familiares e amigos. Em casa, segundo a mãe, parecia uma criança. “Era minha palhacinha”, contou Hipernestre Carneiro, em meio às lágrimas. Quando Aryane foi assassinada, sua mãe estava a caminho de João Pessoa. “A princípio me contaram que ela tinha sido atropelada. Só quando cheguei em casa foi que me contaram a covardia que fizeram com minha filha”, declarou.

No dia que recebeu a reportagem do JORNAL DA PARAÍBA em casa, Hipernestre mostrou fotos de momentos felizes com a filha. Na agenda, o dia 12 de abril de 2010, estava marcado como o último que viu a filha com vida. Ela chorava a todo instante e, por diversas vezes, a entrevista teve de ser interrompida. A dor da morte de Aryane mudou a rotina da família.

A mãe deixou a casa em Jaguaribe para morar com a filha mais velha, Talita Carneiro. O filho, Thiago, decidiu continuar na casa onde Aryane morava. “Apesar de ser cristã, nunca vou perdoar o que ele fez com minha filha”, afirmou a enfermeira.

Leia mais na edição deste domingo do Jornal da Paraíba.

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Jornal da Paraíba

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