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COTIDIANO

Morre cacique potiguara baleado em aldeia

Cacique estava internado desde o dia 31 de julho, quando foi atingido por dois tiros; crime aconteceu no município de Marcação.

Publicado em 07/08/2012 às 6:00

O cacique potiguara Geusivan Silva de Lima, de 30 anos, faleceu na manhã de ontem no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. O índio estava internado desde o último dia 31, após ter sido atingido por dois tiros na aldeia Brejinho, no município de Marcação, Litoral Norte do Estado.

A morte expõe a violência praticada contra o povo indígena no Litoral Norte que já possui uma lista com dez caciques ameaçados de morte, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). De acordo com o Cimi, das lideranças indígenas que correm risco de morte no Estado, nove são caciques do povo potiguara e um dos tabajaras. Porém, desse número, apenas oito caciques registraram as denúncias no Ministério Público Federal e Polícia Federal, e somente o representante dos tabajaras está no programa de defensores dos Direitos Humanos, vinculado à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

Segundo Luana Luizy, assessora de imprensa do Cimi, o cacique Geusivan havia liderado no mês de abril deste ano a retomada de 90 hectares, área ocupada por fazendeiro de cana-de-açúcar, localizada dentro da terra indígena já demarcada. As questões fundiárias são as principais motivações de agressões físicas e ameaças praticadas contra os índios no Litoral Norte da Paraíba, segundo a assessora. “Na região há usinas e isso gera conflitos.

Trata-se de uma área de 35 mil hectares em que há 32 aldeias indígenas. A presença de sete mil indígenas na área, que abrange, Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação tem gerado um conflito constante entre índios e fazendeiros”, afirmou Luana Luizy.

De acordo com o capitão potiguara, liderança do povo indígena, o cacique Geusivan Silva estava recebendo ameaças de morte e chegou a denunciar o caso à Polícia Federal e à Delegacia de Polícia Civil do município de Rio Tinto. Após a execução do cacique, os índios temem que novas mortes ocorram nas aldeias.
Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Federal, um inquérito foi instaurado para apurar o crime, porém não foram repassadas mais informações.

Já o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Benedito Rangel, afirmou que em parceria com o Ministério Público tem buscado medidas para aumentar a segurança dos indígenas.

“Trata-se de três aldeias que estão inseridas em um perímetro urbano. A Polícia Federal investiga o assassinato, mas a própria Polícia Militar pode estender a segurança às aldeias. A PM tem autorização para entrar nas aldeias e fazer essa seguranças, mas essas ações precisam ser contínuas”, frisou Benedito Rangel.

O coordenador não acredita que o assassinato tenha sido praticado em virtude de conflitos por área territorial.

Imagem

Jornal da Paraíba

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