VIDA URBANA
Famílias de dependentes químicos buscam ajuda fora da PB
Motivo seria falta de centros especializados. Tratamentos realizados em clínicas particulares de outros Estados chegam a custar cerca de R$ 5 mil mensais.
Publicado em 15/11/2015 às 8:00
A falta de centros especializados para tratamento de dependência química na Paraíba tem levado famílias a buscar ajuda em outros Estados para salvar os filhos das drogas, pagando, na maioria das vezes, cerca de R$ 5 mil mensais em clínicas particulares. O que deveria ser obrigação do poder público, se torna um 'luxo' no Estado onde, anualmente, se apreende quase 3 toneladas de drogas, segundo a Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Seds). Enquanto isso, jovens vão perdendo a vida e a esperança de dias melhores. Segundo o Ministério da Justiça, há convênios com comunidades terapêuticas (três ao total), mas que não são suficientes para atender à demanda.
A busca por clínicas privadas em outros estados do Nordeste é uma realidade que só cabe a quem tem dinheiro e pode pagar pelo tratamento. Além da mensalidade cobrada pelas clínicas, é preciso dinheiro para deslocamento, visitas, etc. Segundo o estudioso sobre drogas Irani Medeiros, o vício é marcante entre jovens de níveis sociais mais elevados. “Infelizmente a droga está se espalhando. Chega em todos os lares”, declarou.
Ao descobrir que o filho está usando drogas, os pais, desesperados, buscam tratamento. Na Paraíba, encontram o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (Caps AD III 24 horas), onde o tempo máximo de acolhimento (internação) é de 14 dias, segundo informou a diretora-geral Fátima Miranda. Sem perspectivas, buscam ajuda em outros estados, pagando mensalidades que poucos podem pagar, na esperança de vencer as drogas. Em todo o Estado são apenas cinco Caps AD III – João Pessoa (1); Campina Grande (2); Piancó (1); e Sousa (1), segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
De acordo com Medeiros, não há no Estado nenhuma clínica privada com essa finalidade – pública, então, nem no papel. “Há um tempo as famílias procuraram uma clínica em Cabedelo que prometia a recuperação, mas as coisas lá não deram muito certo. A preço de hoje, não temos nenhum local destinado ao tratamento de pessoas viciadas em drogas, com exceção do Caps AD”, afirmou o especialista, que já publicou livro sobre o poder devastador das drogas no organismo.
No Caps, segundo a diretora, há 1.758 usuários inscritos, sendo que menos da metade tem frequência ativa (870). O atendimento é feito por demanda espontânea ou por encaminhamento. “O usuário pode nos procurar a qualquer momento para iniciar o tratamento”, frisou. O atendimento no Caps AD é feito 24 horas por dia, para pessoas com mais de 18 anos.
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