VIDA URBANA
Hacker invade perfil de paraibana no Sisu e muda curso dela para Produção de Cachaça
Em um teste, foi confirmado que a senha da estudante, nota mil na redação do Enem, foi alterada.
Publicado em 31/01/2017 às 17:17
Após flexibilização das regras de acesso individual dos candidatos aos sistemas on-line para concorrer a vagas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), candidatos denunciaram acesso de outras pessoas em seus perfis pessoais e alterações nas opções de cursos aos quais concorriam.
Uma das prejudicadas foi a paraibana Tereza Gomes. Ela, que foi uma das 77 candidatas no país a alcançar nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), descobriu estar na lista de aprovados do curso de Produção de Cachaça, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG).
A descoberta aconteceu após ela receber mensagens no Facebook, inclusive anônimas, informando que ela estava entre os selecionados para o curso. Em um teste, foi confirmado que a senha da estudante realmente havia sido alterada.
Tereza afirmou ao portal G1 que não soube da mudança porque se inscreveu em duas opções de cursos de medicina, mesmo sabendo que não teria chance de ser aprovada, e deixou de acessar seu perfil no sistema. A estudante ressaltou que não vai tomar nenhuma atitude quanto ao fato e que irá tentar ingressar no curso de medicina mais uma vez no próximo ano.
O caso dela ganhou repercussão nacional e gerou, nas redes sociais, comentários jocosos sobre o curso de Produção de Cachaça. Tanto que o IFNMG decidiu emitir uma nota, em publicação no Facebook, falando a respeito do curso e enaltecendo-o.
"Tanto os alunos, quanto o curso Produção de Cachaça merecem o nosso respeito. Para quem não sabe, Salinas é uma cidade do Norte de Minas reconhecida mundialmente pela produção de cachaça, e o curso é o único do país oferecido por instituição pública na área. Quem tirou nota mil pode cursar o que quiser. Afinal, quem é nota mil terá sucesso em qualquer área. E a cachaça de Salinas é nota mil!", dizia a postagem na rede social.
Em nota enviada à imprensa, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) esclareceram que os sistemas não haviam registrado, "até o momento, indício de acesso indevido a informações de estudantes cadastrados, que configure incidente de segurança".
A nota ainda ressalta que os relatos são "de casos pontuais de acesso indevido a dados pessoais de candidatos, que teriam possibilitado mudança de senha e de dados de inscrição, como a opção de curso", observando que estes "serão remetidos para investigação da Polícia Federal". O MEC afirma que já "identificou no sistema data, hora, local, operadora e IP de onde partiram as mudanças de senha".
O texto diz também que "para o Enem 2017, as equipes do Inep e da Sisu estão trabalhando para aperfeiçoar o exame, de forma a garantir segurança e tranquilidade aos inscritos".
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