CULTURA
A geografia da liberdade
Publicado em 30/12/2011 às 8:00
Imaginemos Jonathan Franzen, Ferreira Gullar, Rubens Figueiredo e W. J. Solha há dez anos, em suas bibliotecas, escrevendo ou quiçá traduzindo as obras que, este ano, levaram os seus nomes nas capas.
Todos eles viram, numa manhã ensolarada de setembro, duas torres tombarem enquanto se perguntavam, como o mais velho deles se perguntou em um poema que completou 35 anos mês passado, o que guardaria o futuro quando "dobrássemos a esquina do susto e esperássemos que o dia viesse".
No torvelinho da crise, os quatro dobraram a esquina convictos, seguindo o mapa da escrita que já tirou a humanidade da pré-História e intermediou seus feitos mais gloriosos.
Franzen canonizou-se com seu romance Liberdade, escrito em 2010 e lançado no Brasil no último mês de maio. Levantou um clamor universal e um tanto quanto precoce, pois outros sustos nos surpreenderão e novos dias provarão se, em ordem alfabética, o nome de Jonathan merece figurar ao lado do de Liev (Tólstoi), vulto fressuscitado pela nova tradução de Guerra e Paz que acabara de chegar às prateleiras.
Os dois volumes brotaram dos originais russos em posse de Rubens Figueiredo, autor que, como sua própria prosa, foi notícia após faturar o Portugal Telecom e o São Paulo de Literatura por O Passageiro do Fim do Dia, que veio a lume este ano.
W. J. Solha deve conhecê-lo. O artista comemorou seus 70 anos no que, na certa, será o último grande evento do Espaço Cultural José Lins do Rêgo antes de seu fechamento para reforma, em 2012. Na surdina, Solha enviou para o endereço de leitores amigos e anônimos seu novo livro: Arkáditch (não por coincidência, nome de um personagem de Tólstoi).
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