VIDA URBANA
Greve afeta 18 mil universitários; reitora crê em acordo com o Estado
Para Marlene Alves, decisão tomada pelos professores foi uma surpresa, tendo em vista que os entendimentos entre a universidade e o governo do Estado avançaram.
Publicado em 06/05/2011 às 8:33
Alberto Simplício
Do Jornal da Paraíba
Uma semana depois dos técnicos administrativos da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) terem optado por entrar em greve, os professores também tomaram decisão semelhante. Desde a quinta-feira (5) os campi estão sem aulas, o que põe em risco o calendário do semestre letivo que seria concluído em junho. A greve é por tempo indeterminado e prejudica quase 18 mil universitários.
A decisão do magistério foi tomada ontem no final da manhã, depois de uma assembleia realizada pela Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba (ADUEPB), no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), em Campina Grande.
O sindicato defende que o governo cumpra o percentual de repasse de 5,77% da receita ordinária do Estado à universidade, o que vem sendo contrariado desde o ano passado. O governo estaria repassando nos últimos meses um valor inferior a R$ 16 milhões, quando no mês de janeiro de 2011, por exemplo, esse valor deveria ter sido de R$ 23 milhões.
Segundo a ADUEPB, a greve atinge todos os campi da instituição e cerca de 1.200 professores paralisaram desde ontem as atividades. Segundo o presidente da entidade, Cristovão Andrade, a luta dos professores em defesa da autonomia da UEPB é legítima. Ele disse que trata-se de uma causa de importância para toda a sociedade e que o não cumprimento do percentual de 5,77% de repasse compromete os trabalhos desenvolvidos pela academia.
O presidente disse que um calendário de mobilizações, com palestras e visita aos campi, seria montado e que uma carta contendo a pauta de reivindicações seria enviada ao governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, e à reitora da UEPB, professora Marlene Alves.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UEPB se manifestou favoravelmente à greve. Segundo a diretora Bianca Dantas, o não cumprimento do percentual de repasse financeiro prejudica a política de assistência estudantil, que já é considerada limitada dentro da universidade. Ela informou que apesar da falta de aulas ocasionar prejuízos aos alunos, o momento é de apoiar essa luta, que é por uma causa nobre.
O DCE montará uma programação durante o movimento e decidiu que na próxima terça-feira será realizado o “Dia de Luta em Defesa da Autonomia Financeira da UEPB”. A última greve dos professores da UEPB ocorreu há nove anos e durou seis meses.
Reitora diz que ficou surpresa com decisão
A reitora da UEPB, professora Marlene Alves, disse que a decisão tomada pelos professores foi uma surpresa, tendo em vista que os entendimentos entre a universidade e o governo do Estado avançaram, no sentido de assegurar a regularidade dos repasses do duodécimo e a autonomia financeira da instituição.
Ela informou que até ontem à tarde não havia sido notificada oficialmente sobre a greve dos docentes, por isso desconhecia a pauta de reivindicações. Entretanto, comentou que, no que concerne à discussão sobre o duodécimo, o assunto já está sendo solucionado entre reitoria e o Estado, portanto tal fator não justifica nenhuma greve.
Marlene Alves informou que teve uma audiência, na última quarta-feira, com o governador Ricardo Coutinho, que se comprometeu a efetuar o pagamento da parcela do duodécimo referente ao mês de dezembro do ano passado. O Estado também se mostrou disposto a regularizar os percentuais de repasses deste ano. Ela classificou que a audiência foi bastante positiva para a UEPB, por isso espera a sensibilidade dos técnicos administrativos e dos professores com o atual momento que o Estado atravessa.
Técnicos
Depois do resultado da audiência, o Sindicato dos dos Técnicos em Ensino Público da UEPB (Sintespb/UEPB) disse que iria avaliar se a greve da categoria será mantida. O presidente da entidade, Severino dos Ramos, considerou que houve avanços e que o governador se mostrou disposto a rever o percentual de repasse à universidade. Ele disse que uma nova assembleia seria marcada até o início da próxima semana a fim de decidir se a greve continuará ou não.
“O que a gente estava esperando era que o governo desse a UEPB o mesmo tratamento que teve com os outros poderes e que cumpra a lei que determina que o repasse do ano seguinte não pode ser inferior ao valor do ano anterior”, justificou.
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