VIDA URBANA
Casas são demolidas na comunidade Chatuba
Um total de 7.269 unidades habitacionais estão para ser construídas pela Prefeitura de João Pessoa (PMJP) até o final de 2015.
Publicado em 03/09/2014 às 6:00 | Atualizado em 11/03/2024 às 15:50
Um total de 7.269 unidades habitacionais estão para ser construídas pela Prefeitura de João Pessoa (PMJP) até o final de 2015. As novas moradias fazem parte do projeto de reurbanização em 13 comunidades carentes da capital. Em uma delas, a comunidade Chatuba, no bairro São José, a Defesa Civil Municipal, em parceria com a Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), procedeu ontem à desapropriação e demolição de mais cinco casas situadas em áreas consideradas de risco, algumas delas às margens do Rio Jaguaribe.
Enquanto o projeto não sai do papel, pelo menos 110 residências do bairro São José e as cinco da comunidade Chatuba já foram demolidas. As famílias foram retiradas previamente das casas e estão recebendo assistência da Prefeitura de João Pessoa, através do auxílio-moradia, conforme explicou o coordenador da operação 'João Pessoa em Ação – Força Municipal de Prevenção de Riscos', Noé Estrela. “Ao ceder para demolição, as famílias recebem através da Secretaria de Desenvolvimento Social um auxílio-moradia no valor de R$ 200,00 por mês”, explicou.
Seguindo o cronograma da operação, outras 55 famílias ainda devem ser relocadas de lugar para que suas casas sejam derrubadas. “Temos 165 famílias cadastradas. Estamos aguardando a saída das famílias das casas. A partir do momento em que eles vão saindo nós vamos procedendo à demolição. Damos um tempo para que elas retirem seus pertences ou algum material da casa como tijolos, portas e janelas que queiram aproveitar”, afirmou Noé Estrela.
Uma das famílias que deverá ser contemplada nas próximas demolições é a da diarista Maria da Guia de Souza, 35 anos. “Estou com medo porque a minha casa tem um monte de árvore muito próximo e como moro sozinha com minha filha saí logo antes que ela desabe. Ainda não solicitamos o auxílio, mas espero que ele saia, porque não temos condições de pagar do bolso”, comentou.
O trabalho de demolição da Defesa Civil municipal, segundo Noé Estrela, ocorre através de duas frentes: questão de falta de segurança do imóvel, especialmente no período de chuva, e para desobstruir a área para a futura execução do projeto de reurbanização do Bairro São José, que está em andamento no Ministério das Cidades, que contemplará a comunidade com 688 unidades habitacionais.
“Trabalhamos com prevenção e essas famílias viviam em situação de risco, tanto que este ano não contabilizamos nenhuma família desalojada, principalmente no São José. Essa famílias já serão beneficiadas quando for concluído o projeto de construção de casas do São José”, disse.
Além do bairro São José, também estão em andamento projetos de construção de unidades habitacionais nas comunidades Saturnino de Brito (400), em Jaguaribe; Maria de Nazaré/Colinas do Sul (119 casas), Funcionários III; no conjunto Taipa Nova Vida (228); Ilha do Bispo (288); Timbó – Santo Antônio (21); Riachinho (16); Vieira Diniz (992); na Vista Verde (384), no Jardim Veneza/ Bairro das Indústrias; Vista Alegre (2.016); Colinas de Gramame (2.016); Girassol II (recuperação de 56 unidades); e em Jacarapé (45). Esta última dentro do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH).
Em fase de licitação estão a elaboração de estudo e projetos para urbanização das áreas ao longo do Rio Sanhauá, Tambiá e afluentes do Rio Paraíba, bem como para a comunidade Jardim Laranjeiras.
Nem todos os moradores da Saturnino de Brito estão satisfeitos com as mudanças. Além das casas, as comunidades incluídas no projeto de urbanização também devem receber saneamento, infraestrutura, rede de água e esgoto, pavimentação e drenagem de águas pluviais. Nem todos os moradores, entretanto, estão satisfeitos com as mudanças, como a aposentada Rizonete Montenegro, 70 anos, que disse assistir com lágrimas nos olhos às intervenções que vêm sendo realizadas na comunidade Saturnino de Brito, em Jaguaribe, onde mora há quase 50 anos.
Com uma casa de primeiro andar, construída ao longo de 30 anos para abrigar a família de oito pessoas, a aposentada teme o momento em que o imóvel seja derrubado para dar espaço à reurbanização da localidade. “Cheguei aqui morando numa casa de taipa, sem luz, sem nada. Passei 28 anos vendendo pão no meio do mundo para criar meus filhos e construir minha casinha. E agora eles quererem me tirar assim? Não é moleza”, lamenta.
Rizonete Montenegro disse que, devido à possibilidade de ser retirada de casa, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há 2 meses. “Veio uma moça da Prefeitura dizendo que ia tirar minha casa abaixo numa sexta-feira e no domingo acordei com a boca torta. Fico toda me tremendo por lutar tanto e terminar assim. Querem colocar a gente num canto apertado. Chamam aquilo de apartamento, mas aquilo é um chiqueiro de porco, mora todo tipo de gente”, opina.
Além das 400 casas, na Saturnino de Brito serão realizadas obras de infraestrutura, rede de água e esgoto, pavimentação e drenagem de águas pluviais, bem como para contenção de encostas. Segundo a Prefeitura, o projeto vai beneficiar diretamente mais de mil famílias, o que corresponde a cerca de 5.200 pessoas. As intervenções estão sendo realizadas pela construtora Compecce, financiadas com recursos do programa PAC II, do Governo Federal, de Urbanização e Regularização de Assentamentos Precários, com contrapartida da Prefeitura de João Pessoa, no total de R$ 41,6 milhões.
A terraplanagem deverá ser iniciada esta semana, como informou o secretário de Habitação de João Pessoa, José Marques da Silva Mariz, que pretende entregar os imóveis em um ano. “Tivemos um problema de regularização do título do terreno, mas já foi resolvido. Começamos a obra do muro e já conseguimos o terreno e começamos a limpeza do terreno. Uma equipe deverá fazer a terraplanagem para que a construtora B & Santos inicie em breve as obras”, disse.
TIMBÓ TAMBÉM PASSA PELO PROCESSO
Na comunidade do Timbó, nos Bancários, em João Pessoa, onde foram derrubadas casas que haviam sido construídas irregularmente no leito do rio e relocadas algumas famílias para as novas unidades habitacionais, a expectativa das que ficaram é de também serem contempladas com imóveis seguros. Na localidade já foram entregues 126 unidades habitacionais, mas nem todos que foram retirados receberam novas moradias.
É o caso da aposentada Elineusa Machado da Silva, 56 anos, que divide a casa com paredes rachadas e piso esburacado com seus familiares desde que a casa da filha foi derrubada pela Prefeitura. O imóvel, assim como muitos outros, fica no leito do rio. “Na época cadastraram o nome da minha filha para receber um apartamento, mas houve as invasões e ela acabou ficando sem casa. Agora nos apertamos por aqui, esperando uma providência deles. Nem queria sair daqui porque o terreno é bom, mas minha filha precisa, tem dois filhos, precisam de um lugar para eles”, disse.
Mesmo com muitas moradias ainda em situação de risco, por estarem à margem do rio, o secretário da Habitação, José Marques da Silva Mariz, afirmou que a Comunidade do Timbó é umas das que estão em fase final de conclusão. “Na comunidade do Timbó já entregamos 126 unidades e estamos com 70 unidades em andamento para entregarmos em breve. Assim, acabamos com 100% do Timbó. Ao final serão aproximadamente 190 casas. Todas as que entraram no auxílio-aluguel vão ter casa para morar”, disse.
SAIBA MAIS
Desde o início de 2013, foram entregues 2.251 unidades habitacionais, dentre elas 156 na Chatuba. As demais foram no Vale das Palmeiras (852), Jardim Veneza (576), Colinas do Sul (288), Timbó (136) e Riachinho (58).
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