VIDA URBANA
Trauma atende 2,6 mil vítimas de arma de fogo
Números são referentes aos últimos quatro anos no hospital de Campina Grande.
Publicado em 24/01/2015 às 6:00 | Atualizado em 27/02/2024 às 18:16
Balas perdidas, reação a assaltos, tentativas de homicídios e tiros acidentais resultaram em mais de 2,6 mil entradas de pessoas vítimas de disparo de arma de fogo no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, entre janeiro de 2011 e o final do ano passado. Os casos de tiros chegam a ser maiores que número de atendimento a vítimas de armas brancas, que totalizaram 2,2 mil, no mesmo período.
Os dados foram fornecidos pela assessoria de imprensa do hospital e mostram que entre estes quatro anos, o número de vítimas de tiros vem aumentando gradativamente desde 2012, chegando a subir 3,6% entre 2013 e 2014. Enquanto isso, os casos de atendimentos para arma branca reduziram 4,04% no mesmo período. Em 2011 foram atendidas 517 vítimas de facas, 2012 (555), 2013 (593) e 2014 (569). Ainda de acordo com os dados estatísticos entre janeiro de 2011 e dezembro do ano passado, 189 pessoas morreram no Trauma após darem entrada vítimas de tiros.
O diretor do Hospital de Trauma, Geraldo Medeiros, atribuiu o aumento nos casos de tiros à gravidade dos confrontos entre pessoas e o uso maior de armas de fogos durante ações criminosas ou até mesmo em brigas em festas, trânsito ou nas ruas. Ele destaca que apesar da Lei do Estatuto do Desarmamento, muitas pessoas ainda conseguem obter armas de fogo, de maneira ilícita, mostrando o aumento da violência no Estado, tendo em vista que o hospital atende 203 dos 223 municípios da Paraíba.
“Trabalho na área de trauma desde a década de 80 e venho percebendo um aumento no uso de armas de fogo em meio a violência. Antigamente os ferimentos provocados em confrontos entre pessoas eram causados por armas brancas, mas o que notamos é que os casos de facadas estão diminuindo e os de disparo de arma de fogo aumentando. Isso é preocupante devido à letalidade dos ferimentos provados pelos projéteis”, explicou o médico.
Quem passou recentemente por este susto foi Geovane Barbosa Moreira, 35 anos, que sofreu uma tentativa de homicídio no início deste ano em Campina Grande. Ele mora no bairro das Malvinas e contou que estava voltando do trabalho para casa, quando foi abordado por dois homens armados que feriram ele com três tiros. “Eu estava andando e os dois homens disseram que era um assalto e atiraram em mim, mas não levaram nada”, contou ele.
Os tiros atingiram as costas, coxa e o braço dele. As duas últimas semanas foram marcadas por dores no corpo e o fato de ter que ficar o dia todo deitado está deixando as horas mais longas.
“Percebi que de tanto ficar parado estou sem muita força. Mas fiquei feliz por saber que estou perto de receber alta e vou me tratar em casa. O médico disse que não precisarei passar por cirurgia, por enquanto”, disse a vítima. (Especial para o JP)
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