ECONOMIA
Redução nos itens da cesta só ocorre na carne
Apesar da isenção de tributos federais, redução do preço em itens da cesta básica quase não é sentido no bolso do consumidor paraibano.
Publicado em 05/04/2013 às 6:00
A isenção dos impostos federais nos itens da cesta básica, anunciada pela presidente Dilma Rousseff, não chegou em sua totalidade às prateleiras dos supermercados paraibanos. Na realidade, o consumidor só consegue perceber reduções reais no preço da carne - que caiu 6% desde o dia do anúncio. Nos demais, segundo o vice-presidente da Associação dos Supermercados da Paraíba (ASPB), José Willame de Araújo, a queda foi de modesta à inexistente.
No dia 8 de março, a presidente Dilma anunciou a retirada dos impostos federais que incidem sobre todos os produtos da cesta básica. Os itens listados foram: carne, café, óleo, manteiga, açúcar, papel higiênico, sabonete, pasta de dentes, leite, feijão, arroz, farinha, batata, legumes, pão e frutas.
O assunto foi comentado durante a visita, ontem, do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada, à sede da ASPB, em João Pessoa. Segundo Yamada, o setor assumiu o compromisso de passar a desoneração da presidente em sua totalidade, mas alguns preços dependem não apenas dos supermercadistas, mas da cadeia produtiva. “A carne já tem um impacto de 6%, os materiais de limpeza de 6%, os demais de 3% e alguns produtos ainda dependem da organização da cadeia neste sentido”, argumentou. Sobre o assunto, Willame explicou que, já que a carne depende mais dos supermercados, a redução foi imediata. “Mas nos outros casos, a gente ou não percebe queda de preços ou ela é muito tímida”, acrescentou.
Além de ter pouca diferença no preço dos produtos que já deveriam estar mais baratos, a alta nos alimentos 'in natura', ou seja, aqueles que são plantados e colhidos, equilibrou a balança. “O consumidor olha para alguns dos itens e percebe diminuição, mas a pressão do preço dos outros produtos, que dependem do clima, da oferta versus demanda, puxa a conta final para cima”, afirmou Yamada.
Na oportunidade de ontem, o presidente da Abras também apresentou o plano de ação Abras Maior, que visa fortalecer o segmento diante do cenário de crise econômica do país. Entre as propostas do Plano está, justamente, a desoneração dos itens da cesta. “O Abras Maior é uma proposta de desenvolvimento do setor que tem o objetivo de elevar a participação dos supermercados no PIB [Produto Interno Bruto] nacional – de 5,5% para 6% até 2014. Além disso, de promover maior geração de emprego e estabilização dos preços”, explicou.
Esses objetivos, conforme Yamada, serão alcançados através de desoneração de produtos – o que já aconteceu – e de operações, ou seja, de investimentos e de folha de pagamento dos funcionários. “Os supermercados tem um desenvolvimento sustentável, uma vez que o seu crescimento implica diretamente na economia do país. Estamos com boas expectativas”, disse.
Setor espera crescer 5,5% este ano
O segmento supermercadista paraibano deve crescer 5,5% neste ano, segundo o presidente da ASPB, Cícero Bernardo. A expectativa é inferior a 2012 (6%), mas está acima do percentual previsto para o país para este ano (3,5%). No ano passado, a taxa nacional foi de 5,4%.
"A Paraíba, nesta análise, vem superando o país há cinco ou seis anos”, comentou.
A Grande João Pessoa acompanha esta tendência e, no 1º bimestre, cresceu mais de 9% (venda real), segundo a pesquisa Ifep-Fecomércio. Mas o país precisa correr atrás do prejuízo, porque o segmento acumula alta de apenas 0,25% nas vendas deste período. “O primeiro semestre é, normalmente, mais lento. No ano passado, a expectativa só cresceu no segundo semestre, então podemos ter um quadro semelhante neste ano”, concluiu o presidente da Abras, Fernando Yamada.
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