VIDA URBANA
População do interior vive rotina de assaltos
Morar no interior da Paraíba não é mais sinônimo de tranquilidade.
Publicado em 14/07/2013 às 8:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:29
Morar no interior da Paraíba não é mais sinônimo de tranquilidade. Antes considerado o local ideal para quem queria viver afastado de problemas dos centros urbanos, as cidades pequenas passaram por transformações e também estão enfrentando problemas relacionados com a violência. Na região polarizada por Campina Grande, assaltos e invasões a residências têm ocorrido com frequência. Só nos últimos 15 dias, sete casas foram invadidas e uma agência dos Correios assaltada na região.
Os moradores estão assustados com a insegurança, que afeta principalmente as cidades que são patrulhadas pelo 10º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento em 12 municípios do entorno de Campina Grande.
Um exemplo disso é a cidade de Lagoa Seca, localizada a 6km de Campina Grande. De acordo com a população, nos últimos seis anos, a violência tem aumentado significativamente na cidade, e os moradores vivem assustados. Na zona urbana, as casas estão com os muros mais altos e portões fechados. Na na zona rural, vários proprietários estão colocando grades nas portas, janelas e ao redor das casas para evitar roubos.
Segundo o operador de máquinas industriais Natanael Oliveira Cavalcante, 18 anos, morador do sítio Covão, nos últimos anos várias pessoas estão sendo assaltadas nas estradas.
Geralmente os bandidos agem em duplas e utilizam motos de cor preta. Segundo ele, não há mais tranquilidade na zona rural de Lagoa Seca. “Antigamente a gente podia dormir com as portas das casas abertas que ninguém mexia, mas hoje em dia vivemos em pânico a todo tempo. Os bandidos ficam soltos nas ruas e a população presa em casa”, disse ele. Devido aos assaltos na região, Natanael Oliveira disse que sua família resolveu colocar grades nas portas, janelas e nos acessos da casa, aparatos até então desnecessários em cidades do porte de Lagoa Seca.
O problema de segurança da cidade não está apenas na zona rural. O comerciante Rildo José Borges, de 35 anos, que há 30 anos trabalha com o pai em um ponto comercial na área central da cidade, relatou que o estabelecimento já foi arrombado oito vezes. “Nunca fomos abordados durante o horário de trabalho, mas nos últimos anos já aconteceram oito arrombamentos, onde os bandidos entraram pelo teto e levaram tudo”, disse. O comerciante destacou que a Polícia Militar da cidade é presente e tem feito o que pode para manter a segurança da cidade, entretanto o efetivo é pequeno para atender a zona urbana e rural.
A realidade encontrada em Lagoa Seca é a mesma das outras cidades do Agreste paraibano. Vítima de um assalto há menos de um mês, a esposa do vereador de Matinhas João Guilherme ainda está assustada com a violência. Maria de Lourdes conta que um homem chegou à porta de sua casa, no sítio Geraldo, dizendo que era da polícia. Quando ela se aproximou, ele a rendeu e outros três homens armados fizeram ela e o esposo reféns. O casal foi trancado no quarto e tiveram que seguir a ordem dos bandidos de só sair do local depois de 40 minutos.
Apesar do susto, a dona de casa disse que não pretende abandonar a casa ou a vida que tem no local até pouco tempo considerado tranquilo. “Vamos pedir a Deus que não aconteça mais, mas nós não pensamos em sair daqui”, ressaltou.
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