Cabedelo abriga distorções gritantes

Considerada uma das principais cidades da Paraíba, Cabedelo foi escolhida para a construção do porto devido sua localização geográfica, o que facilita toda a movimentação de mercadorias transportadas quase que diariamente por navios oriundos de diversas partes do país e do mundo. No ano passado, o porto movimentou 1,7 milhão de toneladas de matéria-prima. Cabedelo tem grande representação na economia da Paraíba, com 8,1% do PIB do Estado. Além disso, tem maior PIB per capita com R$44,9 mil, o que distorce da realidade da cidade, que ainda sofre com índices alarmantes de pobreza. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por outro lado, a cidade possui um dos maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) com 0,757, ficando atrás apenas da capital, com 0,783. Ainda de acordo com o IBGE, 20% da população de 15 anos ou mais não sabe ler nem escrever. As notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2009 para o 5° ano foi de 3,8 e do 9° ano foi de 3,1. A falta de investimento na educação contribui para o desemprego e para as mazelas que afligem a sociedade.

Sua economia gera em torno do comércio marítimo, justamente por conta do porto. O município também conta com atividades diversas, como pescaria, indústrias, serviço público e artesanato.

De acordo com a Federação das Indústrias da Paraíba (Fiep), Cabedelo contabiliza 88 indústrias em segmentos diversos, os quais empregam cerca de 3,100 mil pessoas. Mas isso não é suficiente para suprir a demanda por emprego.

Distante 18km da capital, Cabedelo possui uma formação geográfica em forma de ferradura, sendo rodeada pelo rio Paraíba e o Oceano Atlântico, que quando se encontram, produzem um fenômeno da natureza conhecido como a “Pororoca da Paraíba”.

Com tantas belezas naturais, a cidade é reconhecida internacionalmente por suas atrações turísticas. A praia do Jacaré recebe milhares de turistas todos os anos ansiosos por conhecer o famoso Bolero de Ravel, tocado por Jurandir do Sax.

Outro ponto turístico da cidade é a Fortaleza de Santa Catarina, que apesar de toda beleza e história que guarda, é pouco visitada devido à falta de segurança. De acordo com o presidente da Fundação Fortaleza de Santa Catarina, Osvaldo da Costa Carvalho, ainda não foi construído um local seguro para expor as peças do museu oceanográfico.

Uma cidade cheia de problemas surpreende moradores apaixonados, como o aposentado seu Vicente de Pádua Borges, 66. Ele já morou em várias cidades por conta do trabalho, mas disse que não troca o município por nenhum outro. “Eu vi Cabedelo na areia, vi essa cidade crescer. Vivi aqui e quero morrer aqui”, declarou. O aposentado disse também que espera que o próximo prefeito lute por mais segurança na cidade portuária. (Com colaboração de Valéria Sinésio)