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VIDA URBANA

Violência impede criança de brincar

Publicado em 16/11/2013 às 8:00 | Atualizado em 27/04/2023 às 13:20

Com uma chupeta na boca e vestido com short e camiseta, o pequeno Rodrigo é levado para casa pela bisavó dentro de um carrinho de mão. Os dois vêm de uma feira, onde passaram o dia envolvidos em meio à agitação do comércio de frutas e verduras.

Com 3 anos de idade, o menino ainda não frequenta creche e é companhia inseparável da feirante Maria Bernadete da Conceição. Ela é avó da mãe do garoto. Apesar dos 64 anos, resolveu criar a criança e adotar o mesmo cuidado que teve com os 6 filhos que já estão crescidos.

“Para onde eu vou, levo meu bisneto comigo. Não deixo ele ficar sozinho na rua nunca, porque tenho medo de que algo de ruim possa acontecer. Eu nunca deixei meus filhos viverem nas ruas e sempre criei todo mundo dentro de casa, porque a rua só tem o que não presta”, diz Maria, convicta.

Maria tem motivo extra para ter medo de deixar o neto brincar na rua. Já faz um ano que ela foi vítima de bala perdida quando estava em pé na porta de casa. A feirante, que mora na comunidade Beco do Zé Borges, em Mandacaru, escapou da morte por um triz. “A bala pegou na minha perna. Entrou, rasgou tudo e saiu. Fui socorrida, levada para o hospital. O médico disse que, se tivesse atingido um centímetro a mais, teria pego numa veia grande e eu teria morrido”, conta.

Desde esse dia, a feirante ficou com medo de permanecer por muito tempo na rua e passou a se preocupar com o bisneto. Por isso, o menino não brinca na rua. Só se diverte dentro de casa.

Apesar da pouca idade, a criança saber falar o próprio nome e presta atenção a tudo que acontece em volta. “Ele fica comigo o dia todo. Vai junto com as verduras dentro do carrinho de mão para a feira e parece gostar. Para ele, é uma diversão”, afirma a bisavó.

A violência urbana também levou outra dona de casa a proibir a diversão dos netos nas ruas. Também moradora de Mandacaru, Josefa Maria de Moura é mãe de uma jovem e de um rapaz. Os dois foram criados presos dentro de casa. “Naquela época não havia essa violência que a gente vê hoje, mesmo assim, eu não gostava que meus filhos ficassem nas ruas. Quando saía para trabalhar, deixava os dois trancados em casa. Hoje, são pessoas de bem. Por isso, acho que fiz a coisa certa”, diz.

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Jornal da Paraíba

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