CULTURA
Woody Allen chega aos 80 anos como um dos maiores cineastas do seu tempo
Na ativa desde os anos 1960, o cineasta Woody Allen entra hoje para o grupo dos octogenários diretores da Sétima Arte.
Publicado em 01/12/2015 às 9:46
Woody Allen prefere tocar clarinete nos bares de Nova York do que receber um Oscar, acha que as pessoas pensam que ele é intelectual por causa dos óculos e que é artista por pedir dinheiro para realizar seus filmes – um por ano desde 1977.
Nesta terça-feira, o diretor, ator e roteirista chega aos seus 80 anos de vida. Mesmo sem ligar para a Academia de Hollywood (apareceu na cerimônia do Oscar quando homenagearam as vítimas do 11/9), Allen é considerado como um dos maiores cineastas da sua geração.
Seu mais recente filme é o 'abaixo da média' O Homem Irracional, que esteve em cartaz na Paraíba no final de agosto. Mas, diante de grandes filmes do passado não tão distante, podemos avaliar que a 'genialidade' da sua produção vem decaindo ou oscilando como uma montanha-russa?
Elaborando números, são mais de 50 longas-metragens, pelos quais chegou a ser nomeado 24 vezes ao Oscar, ganhando quatro estatuetas douradas – três de Melhor Roteiro Original (por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Hannah e Suas Irmãs e Meia-Noite em Paris) e um de Melhor Diretor (por Noivo Neurótico..., também conhecido pelo seu título original, Annie Hall). Herança de seu ofício de escrever nos jornais e rádios, Allen coleciona o impressionante número de indicações pelos seus roteiros: são 16 no total, até agora.
Dentre suas características na telona, não tão distante das suas polêmicas familiares, o realizador adora explorar as neuroses da vida, mas também tem um queda pela tragédia, pendendo para o lado de um Dostoiévski.
Avaliando os últimos 10 anos, quando deixou a 'menina dos olhos' Nova York e foi focar sua câmera na Europa, Woody Allen fez tanto dramas operísticos mais elaborados, como Match Point (2005), até crises existenciais (e criativas) presentes nos insossos O Sonho de Cassandra (2007) e no já citado O Homem Irracional.
Mesmo 'dirigindo no escuro' e ligando o piloto automático, há resultados satisfatórios nessa safra da última década, vide Scoop: O Grande Furo (2006), Tudo Pode Dar Certo (2009), Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (2010) e Para Roma, com Amor (2012).
Filmes satisfatórios, mas que não chegam perto de grandes momentos na sua filmografia: Manhattan (1979), Zelig (1983), A Rosa Púrpura do Cairo (1985), A Era do Rádio (1987), Tiros na Broadway (1994) e os outros mencionados nas suas premiações e indicações.
Dentre os longas recentes, alguns mostram a retórica do cineasta na sua boa e velha forma. Seja nos jargões afiados de Vicky Cristina Barcelona (2008), que tem personagens femininas tão fortes quanto é a protagonista de Blue Jasmine (2013) – que rendeu o único Oscar a Cate Blanchett –, passando pela ode literária (com um quê de A Rosa Púrpura do Cairo) de Meia-Noite em Paris (2011).
Com a palavra, o próprio Woody Allen: “Acho que fiz alguns bons filmes, mas nunca senti que tenha feito um genial. Se tiver sorte e trabalhar o suficiente, talvez um se transforme em algo magnífico, mas até agora não aconteceu”.
Será mesmo?
Comentários