POLÍTICA
Estado aponta déficit de R$ 400 milhões no último bimestre de 2010
No ano passado foram gastos R$ 6,2 bilhões contra uma arrecadação de R$ 5,8 bilhões. Desnível teria sido impulsionado pelo aumento de 19% das despesas com pessoal.
Publicado em 07/02/2011 às 17:09
Da Redação
Com Secom-PB
O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (REO) relativo ao último bimestre de 2010 foi divulgado pela Controladoria Geral do Estado (CGE) nesta segunda-feira (17). O documento revela um acréscimo de R$ 521 milhões para pagamento da folha e aponta um déficit acumulado de R$ 400 milhões entre a arrecadação e despesas totais do Estado. Segundo o secretário Luzemar Martins, “este quadro evidencia o maior desequilíbrio fiscal da Paraíba nos últimos dez anos”.
Com base na totalização orçamentária, no ano passado foram gastos R$ 6,2 bilhões contra uma arrecadação de R$ 5,8 bilhões. O desnível teria sido impulsionado pelo aumento de 19% das despesas com pessoal – o dobro do índice de crescimento da Receita Corrente Líquida (RCL), fixado em 8%, em 2010, segundo o relatório. Ao final de 2010, o montante destinado apenas ao pagamento dos servidores dos órgãos da administração direta e indireta chegou a R$ 3,3 bilhões, meio bilhão a mais do que o registrado no ano anterior.
O valor representa 67,6% da RCL, extrapolando o limite de 60%, determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para pagamento da folha (referente a soma de todos os Poderes). Em 2009 despesas com pessoal representaram 61% da RCL, pouco mais de R$ 2,7 bilhões.
Infração à LRF começou em 2009
De acordo com o Relatório Resumido da Execução Orçamentária, o descumprimento da LRF foi deflagrado em abril de 2009, quando o Estado passou a desobedecer aos limites de gastos com pessoal fixados na LRF. Mesmo com as contas já comprometidas, o déficit fiscal do Estado deve sofrer alterações para pior. É que, de acordo com Luzemar, ainda restam a inclusão de despesas realizadas em 2010, ainda não consolidadas.
São gastos que, de acordo com Luzemar, não foram sequer registrados no exercício financeiro de 2010 e contabilizam até o momento cerca de R$ 200 milhões. “A situação fiscal torna-se pior quando, dia a dia, surgem despesas realizadas em 2010, porém não empenhadas nem registradas no mesmo ano”, revela Luzemar. Estas despesas são relativas à locação de imóveis e veículos, telefone, água e energia, contribuições previdenciárias, medicamentos e folha de produtividade.
Gastos atingiram pico em dezembro
Com mais de R$ 1,3 bilhão em despesas, o mês de dezembro foi o que mais pesou na execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2010, representando, naquele exercício financeiro 21,3% de toda a Despesa Orçamentária do ano, totalizada em R$ 6,2 bilhões. Para Luzemar “o recorde de gastos em apenas um mês significa desrespeito ao regime legal de registro da despesa pública – o regime da competência”.
Saúde e educação desfalcados em 2010
Além dos gastos excessivos com a folha, em 2010, o Estado não atendeu aos valores mínimos de aplicações em saúde (12%) e educação (25%). De acordo com o secretário Luzemar, as despesas pagas relativas à educação atingiram pouco mais de 24% da receita, enquanto na saúde não ultrapassaram o índice de 10,43% das receitas de impostos mais transferências.
O diagnóstico da Controladoria Geral do Estado detectou outros indícios de irregularidades em 2010, tais como a transferências de valores entre conta corrente do Governo do Estado e contas de supostos fornecedores do Estado sem registro no Sistema Integrado de Administração Financeira do Estado (SIAF).
Recursos de convênio federal usados para pagar folha – Foi observado ainda o registro do uso de recursos de convênio com o Ministério da Educação para pagamento de folha de pessoal da Secretaria de Educação e Cultura, e pagamento de acordos administrativos sem participação da Procuradoria Geral do Estado, implicando em reconhecimento de dívida sem o concurso da Secretaria de Finanças.
A lista de procedimentos em desacordo com as determinações constitucionais ainda inclui o pagamento de supostas dívidas de exercício anterior referente a contratos não vigentes em 2010 e “a contratação de pessoal sem prévio concurso público ou processo seletivo simplificado quando o Estado se encontrava legalmente impendido por conta do descumprimento dos limites da LRF desde abril de 2009”, arremata Luzemar Martins.
Relatório Resumido da Execução Orçamentária (REO) - 2010 (resumo)
Despesa Total | R$ 6.287.829 |
Receita Total | R$ 5.888.508 |
Despesa com Pessoal /2009 | R$ 2.747.647 |
Despesa com Pessoal /2010 | R$ 3.269.092 |
Acréscimo de Gastos com Pessoal /2010 | R$ 521.445 |
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