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POLÍTICA

Eliza quer tratar agressores

Vereadora apresentou projeto de lei para que maridos agressores sejam incluídos nas políticas públicas de enfrentamento à violência doméstica.

Publicado em 12/12/2012 às 6:00


Sob protesto de dezenas de mulheres integrantes de organizações em defesa da mulher na Paraíba, a vereadora Eliza Virgínia (PSDB) apresentou ontem, no plenário da Câmara de João Pessoa (CMJP), um projeto de lei para criar um núcleo de atendimento à família e aos autores de violência doméstica. Uma das líderes feministas na capital, a vereadora Sandra Marrocos (PSB), criticou duramente a postura da tucana. “Lugar de agressor é na cadeia, sendo punido, porque a impunidade é a maior aliada na violência contra a mulher”, argumentou a socialista.

Conforme a proposta de Eliza, o agressor seria incluído nas políticas públicas de enfrentamento à violência doméstica como alguém que precisa de tratamento. “A intervenção imparcial de diversos profissionais da equipe multidisciplinar no atendimento social psicológico e jurídico visa a restabelecer a comunicação e o diálogo entre as partes. Esse projeto já existe em vários Estados.

São centros de apoio para que o homem seja inserido nesse contexto, para que passe seis meses fazendo reflexão e tratamento para que essa violência seja quebrada”, justificou a tucana.

Sandra Marrocos disse que a proposta é uma tentativa de desqualificar a política pública de enfrentamento da violência contra a mulher. “Ela fala o tempo todo de cuidar do agressor, vem com esse discurso fácil. Se algum dos agressores tiver doença mental, lógico que ele deve ser cuidado. Só não pode dizer que toda agressão é uma patologia. Ela quer apresentar esse projeto para o bem do agressor. Esse pensamento é fruto do machismo e de uma historicidade que exclui. O que a gente deseja é que homens e mulheres sejam respeitados na sua diferença, mas tratados como iguais”, afirmou.

Eliza Virgínia disse que não pretende desmerecer o movimento feminista, mas dar tratamento mais humanizado ao problema. “Não desmereci o movimento feminista. Por conta desse histórico é que estou aqui. Trabalho contra a violência contra a mulher não é só separar o homem da mulher e mandar prender o homem. É muito mais amplo. Nós queremos que esse homem seja inserido nesse contexto das políticas públicas das mulheres”, explicou.

Mesmo a menos de vinte dias para o recesso parlamentar, Sandra Marrocos disse que tentará realizar uma audiência pública para debater o tema. “Tentamos promover anteriormente um debate sobre diversidade religiosa, mas não conseguimos porque a agenda está lotada. Vou tentar conversar com algum vereador para ver se ele pode me ceder. Acredito que amanhã (hoje) estaremos protocolando o pedido. Caso não seja possível, no próximo ano estarei na Casa como cidadã, reivindicando os direitos das mulheres”, afirmou.

Eliza já antecipou que não pretende participar de nenhum encontro com as feministas, como pretende a vereadora Sandra Marrocos. “Elas têm o posicionamento delas e não há nada que eu diga que faça mudar, então não adianta eu tentar dialogar com elas”.

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Jornal da Paraíba

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