CULTURA
Ariano que emociona
Dramaturgo participou da abertura da Festa Literária Internacional das Unidades de Polícia Pacificadora (Flupp) no Rio de Janeiro.
Publicado em 09/11/2012 às 6:00
O dramaturgo Ariano Suassuna, 85, emocionou quem esteve presente na cerimônia de abertura da Flupp (Festa Literária Internacional das Unidades de Polícia Pacificadora). Em sua primeira edição, o evento acontece no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, até domingo.
Na plateia, estavam moradores do bairro e das comunidades vizinhas, mas também escritores, políticos e agentes sociais e de cultura. O evento aconteceu no GEO (Ginásio Experimental Olímpico), de onde foi possível ver tanto as luzes das casas do alto nas redondezas quanto a cidade do Rio de Janeiro abaixo.
Antes da 'aula espetáculo' de Suassuna, o público conferiu as apresentações da Orquestra de Vozes Meninos do Rio e do Coral da Proerd. Imortal da Academia Brasileira de Letras desde 1990, o autor de O Auto da Compadecida deu início à noite perguntado quem já tinha lido ou assistido à sua peça mais famosa.
Em peso, o público levantou a mão e o escritor explicou que a pergunta não foi feita por orgulho, mas porque ele "gosta de saber com quem está falando".
"Eu amo o Brasil e eu escrevo sobre o meu povo e para o meu povo. E vocês são o meu povo."
Em seguida, recitou um folheto de Leandro Gomes de Barros que o inspirou a escrever a história de João Grilo e Chicó, lançada em 1955, e que virou minissérie de televisão - em 1999 - e filme - em 2000. O recital foi interrompido várias vezes por aplausos. Seguiram vários 'causos' do sertão nordestino e das viagens de Suassuna pelo Brasil, pontuados com autores como Freud. Em todas as histórias, o escritor investiu em exibir a riqueza da cultura popular e do povo simples das diferentes regiões do país.
"Esse é o nosso grande povo brasileiro, que é o mesmo aqui no Rio, no Rio Grande do Sul, em Goiás, no Nordeste, lá na Amazônia. Eu tenho viajado este país todo. Essas mesmas caras que eu vejo aqui eu vejo nos outros cantos. É tudo do mesmo jeito. É sobre esse povo que eu escrevo, para o meu país", finalizou.
O rapper, escritor e ativista social MV Bill também foi destaque na noite de abertura, ao lado de Bráulio Tavares.
A Flupp prossegue com participações de Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro e Ana Maria Machado, que se juntam a nomes como Paulo Scott e Luiz Ruffato, para debater temas que vão de guerra a videogame, do início do trabalho de escrita literária à importância da leitura e mercado editorial.
Em todas as atividades, a participação é gratuita. (Da Folhapress)
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