Juro do cheque especial atinge 10,89%

Se você pensa em efetuar um empréstimo ou entrar no cheque especial para adquirir bens de consumo ou cobrir dívidas já existentes, fique atento. Um levantamento realizado pelo órgão de defesa do consumidor (Procon-SP) neste mês aponta que essas operações ficaram mais caras em maio: o cheque especial atingiu uma taxa média de juros de 9,15%, enquanto as taxas médias cobradas nos empréstimos pessoais foram de 5,54% ao mês.

Os bancos privados são os que têm as maiores taxas do mercado. Atualmente, o Santander trabalha com uma taxa de 10,89% ao mês para o cheque especial e 6,49% para empréstimos pessoais. A Caixa Econômica Federal é a que tem menores taxas, sendo de 6,33% para o cheque especial e 3,75% para empréstimos pessoais. O Banco do Brasil foi o único que manteve as taxas inalteradas em relação ao mês de abril.

O aumento dos juros dos bancos segue o aumento da taxa básica de juros (Selic) efetuado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central. E, nesse momento, o governo federal tenta frear o consumo para conter a inflação através do aumento do preço do crédito no mercado.

“Sempre que há uma alta procura por bens de consumo no mercado, há uma pressão sobre a inflação”, explica o economista e educador financeiro Cláudio Rocha.

CRITÉRIOS

Para Rocha, o consumidor deve evitar ao máximo a utilização dessas modalidades de crédito para o consumo. “Uma situação muito comum hoje é usar o cheque especial ou fazer um empréstimo para comprar celulares de última geração. Essa situação só é recomendada para vendedores que precisem do aparelho para trabalhar, por exemplo. Mas para uso supérfluo, torna-se um equívoco financeiro”, afirma.

O cheque especial, por ser de uso rotativo – ou seja, pode ser usado sem precisar ir ao banco e é coberto automaticamente assim que o dinheiro for lançado na conta – requer ainda mais atenção. “Se for uma emergência, como um conserto do carro, emplacamento que vence no outro dia ou uma prestação, o cheque especial é uma medida prática, já que tem um limite incluso na conta. Mas se usar esse limite para cobrir em 20 ou 30 dias, a incidência de juros será altíssima”, fala.

Foi o que aconteceu com a estudante de Psicologia Cinthya Rebecca. Ela inadvertidamente utilizou R$ 10 do limite do cheque especial de sua conta corrente.

“O banco não avisou que eu entrei no limite do cheque especial, e eu não tenho costume de movimentar a conta, já que não recebo salário. Depois de 40 dias, vi que estava com um saldo devedor de R$ 80,00”, relata.

Em relação aos empréstimos, Rocha destaca que é necessário ter um destino certo para o dinheiro assim que decidir assinar o contrato junto ao banco.

“Crédito não é para ser gasto com bens de consumo, isso é prejudicial para as finanças. Tem que existir um fim que justifique a ação”, reforça.