CULTURA
Varadouro Cultural pretende movimentar as engrenagens criativas da capital
Publicado em 15/04/2012 às 8:00
Seguindo o modelo de polos de desenvolvimento como o Porto Digital, em Recife (PE), o Varadouro Cultural também pretende movimentar as engrenagens criativas de João Pessoa na área de produção de tecnologia.
O Figgo, por exemplo, é um software desenvolvido pelo Coletivo Mundo que já está em fase de teste e tem por finalidade o aperfeiçoamento da gestão de coletivos culturais, facilitando um processo que os agentes estão chamando de 'cartografia criativa' do Centro Histórico.
"Esta cartografia permitirá a troca de serviços entre os coletivos, atendendo à demanda de toda uma cena de 'economia criativa' que o Varadouro Cultural irradia", aponta André Anterio.
A maior prova desta economia é a vontade expressa por alguns produtores culturais em adotar uma moeda indepentende para intermediar as negociações entre os coletivos. A moeda seria batizada de 'Varadouro' e teria um valor diferente do Real, representado pelo poder de troca conquistado por cada empreendimento cultural.
"O 'Varadouro' (a moeda) teria uma grandeza simbólica e poderia significar um equipamento de som que um coletivo cede para um grupo de teatro realizar uma mostra ou o palco móvel que o grupo de teatro cede para uma banda fazer seu show", explica Alexandre Soares.
A moeda também circularia em eventos que hoje adotam um 'bilhete único' (sistema em que o público pagante de um evento compra o ingresso para uma casa de shows e tem direito a frequentar todas as outras), como o Grito Rock e a Festa da Música, realizados em parceria com o Circuito Fora do Eixo e a Aliança Francesa.
'VIROTE' CULTURAL
Ainda este ano, o Varadouro Cultural quer promover a edição inaugural do 'Virote' Cultural, um festival que importa o conceito das viradas culturais brasileiras e adapta à identidade do Centro Histórico.
"Queremos relacionar o 'Virote' Cultural com este projeto das Tintas Coral, fazendo uma virada de 18 horas ininterruptas com programações em todo o nosso corredor cultural", conta André Anterio.
Segundo ele, o Varadouro Cultural está em diálogo aberto com instâncias do Poder Público como a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e a Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult).
"Os projetos da Funjope e da Secult sempre acabam convergindo com os nossos, já que o público que participa deles é o mesmo que participa dos nossos", diz Anterio.
Alexandre Soares, porém, lembra: "Ainda falta discutir mais amplamente questões como zoneamento urbano do Centro Histórico, o que envolveria outras instituições como a Semam (Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de João Pessoa), o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o Iphaep (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba)".
Na opinião de Soares, deveria haver uma legislatura ambiental mais flexível para eventos realizados no Centro Histórico e uma linha de crédito específica para empreendedores que quisessem investir em negócios na região. Além disso, haveria a necessidade de uma mobilização maior dos institutos de patrimônio histórico e artístico no sentido de melhorar a infraestrutura dos prédios históricos, não se limitando apenas às suas fachadas, agora mais coloridas.
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