CULTURA
Na comissão de frente dos relançamentos
Gravadora lança primeira leva de reedições de seu catálogo nacional, com base em pesquisas de Marcelo Fróes.
Publicado em 18/03/2012 às 8:00
Os porões da Warner Music terão um inquilino nobre este ano. O pesquisador e garimpador musical Marcelo Fróes foi escalado pela filial brasileira da gravadora para promover reedições caprichadas de seu catálogo nacional. A primeira leva acaba de sair do forno, com Piri, Fred, Cássio Franklin e Paulinho de Camafeu com Sérgio Ricardo (1973), mais álbuns do Almôndegas (Aqui, 1975); Guilherme Arantes (Guilherme Arantes, 1979); A Cor do Som (Magia Tropical, 1982); O Terço (Som Mais Puro, 1983) e João Donato (Leilíadas, 1986).
Com discos remasterizados e a reprodução integral da arte e dos textos originais do encarte, álbuns esquecidos pelo mercado voltam às prateleiras em CD de olho nos colecionadores, nicho que vem se consolidando cada vez mais em uma indústria combalida pelo MP3 – segundo o jornal O Globo, mais da metade dos lançamentos em CD até o final deste ano será de reedições.
O carioca Fróes é figura de proa nessa febre de relançamentos. Só em 2011, seu Discobertas, trouxe de volta às prateleiras discos raros e históricos de gente como Zimbo Trio, Moreira da Silva, Celly Campello e até nosso Jackson do Pandeiro, entre outros.
Esse projeto com a Warner leva o selo Discobertas e, segundo Fróes, há muito para se fazer. “Eu procuro ir atrás dos discos de grandes nomes que nunca foram reeditados, ou então muito mal reeditados - sem remasterização ou sem capa original”, comenta o pesquisador musical, por e-mail. “A ideia é uniformizar as reedições, para facilitar o acesso dos fãs,colecionadores e historiadores, além da própria gravadora em sua gestão de catálogo”.
Dessa primeira leva, Fróes acredita que o segundo disco da banda gaúcha Almôdegas – grupo que lançou a dupla Kleiton e Kledir – seja o mais raro. “Talvez por ter feito muito sucesso basicamente no Sul”, justifica. O CD, além de ótimo som, traz encartes com letras, ficha técnica e até os selos originais dos LPs – padrão adotado pelo Discobertas.
Outra raridade é o obscuro e cultuado disco de Sérgio Ricardo.
Marcelo Fróes confirma que deverá editar mais discos do músico paulista este ano, afinal, em junho, ele faz 80 anos (no catálogo da Continental, adquirido pela Warner, está, por exemplo, Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré, de 1980).
Marcelo Fróes também reencontra O Terço, grupo que teve dois discos - Criaturas da Noite (1975) e Casa Encantada (1976) - lançados por ele, via o Discobertas, em 2011. Som Mais Puro é da fase pós-progressiva, e o pesquisador acredita que também seja item raro, “já que não fez muito sucesso na época, há quase 30 anos, e portanto há muito esteja fora de catálogo”.
Os baianos de A Cor do Som tem seu Magia Tropical editado exatos 30 anos depois do seu lançamento. O álbum que emplacou a versão de ‘Menino Deus’ marcou a estreia do guitarrista Victor Biglione.
O quarto disco solo de Guilherme Arantes (e segundo LP pela Warner) faz sua estreia em CD, com sonoridade melhorada e encarte rico em informações. Embora não tenha grandes hits, é testamento de um arranjador habilidoso e tecladista primoroso.
Por fim, mas não menos importante, um raro biscoito fino: as Leilíadas, de João Donato. Gravado ao longo de quatro apresentações em junho de 1986 no bar People (Rio de Janeiro), o CD traz em seu pertório as ‘Leilas’ de João Donato, incluindo a que deu origem à canção ‘A Paz’, com Gilberto Gil. Na companhia de uma super banda, Donato faz um show histórico.
“Há muito eu queria reeditar esse disco do Donato, creio que um dos poucos dele que ainda faltava sair em CD”, comenta. “Mas também estou feliz com Almôndegas, O Terço e A Cor do Som, bandas que sempre que posso reedito alguma coisa e que espero ver tudo que falta reeditado nos próximos meses”.
Para encerrar, Marcelo Fróes revela que atualmente trabalha no lançamento dos discos do nosso Jackson do Pandeiro, na fase dos anos 1970. “Eu já reeditei tudo dele nos anos 50, em dois CDs duplos, com as discografias da Copacabana e da Columbia”, informa. “Agora, vamos fazer anos 70. Espero um dia ver o material dos anos 60 reeditado também. Tudo dele merece sair em CD”.
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