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POLÍTICA

Três soldados da PB vão para o Haiti

Militares atuam em missão de ajuda humanitária no país do Caribe que ainda vive as marcas da tragédia ocorrida em 2010

Publicado em 24/05/2015 às 7:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 18:55

“A experiência de poder dar assistência a um país pobre, que necessita de ajuda, me motivou a querer ir. Apesar das dificuldades, como saudades e adaptação, sei que irei um Diego e voltarei outro”. O cabo Diego de Oliveira é um dos três paraibanos que deverão partir este mês em missão para o Haiti. Assim como ele, outros 88 militares nordestinos estão em fase final de preparação para integrar a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah).

O Haiti, país do Caribe abalado por um forte tremor no ano de 2010, ainda vive as marcas de uma tragédia. Por conta disso, a população continua à espera de ajuda e quem está prestes a ir sabe a responsabilidade de auxiliar na reestruturação das cidades e na ajuda humanitária ao povo.

Além de uma primeira missão real, essa é a primeira viagem internacional de Diego, que vê nela um dos maiores desafios de sua carreira. O militar de 22 anos reside no município de Santa Rita e faz parte do 1º Grupamento de Engenharia, localizado em João Pessoa. “Eu sei que será um grande desafio, mas quando surgiu a oportunidade de ir, não pensei duas vezes. Sei que será de grande valia para a minha carreira sem falar na honra e responsabilidade de ser escolhido para fazer parte dessa missão internacional”, comentou.

Há cinco semanas o soldado está em fase de treinamento em Natal, no Rio Grande do Norte, onde recebeu instruções teóricas e práticas sobre o que encontrará no Haiti e como proceder em todas as circunstâncias. A previsão é de que a missão dure seis meses, período durante o qual serão realizadas tarefas relacionadas à reconstrução do Haiti, apoio de Engenharia para a Minustah e à manutenção do ambiente seguro e estável naquele país.

Contando os dias para a partida, o cabo Diego não esconde a ansiedade que sente ao se imaginar chegando ao Haiti. Além de uma missão militar, é uma missão humanitária que ele acredita que o mudará como profissional e como pessoa para o resto da vida. “Todos que vão, quando voltam, dizem a mesma coisa: não tem como voltar igual. Acho que o maior desafio mesmo é ir e voltar com saúde. O segundo maior é a saudade e a distância de casa. Mas, mesmo com tudo isso, estou ansioso com a partida e desejo concluir essa missão com êxito”, acrescentou.

O coração da família já está apertado ao imaginar a sua partida. Para o pai, José Salvino de Oliveira, a presença constante do filho em casa fará falta, contudo o orgulho de ter um filho em missão de paz no Haiti é maior. “A saudade ficará grande, mas, hoje em dia, com essas tecnologias, vamos conseguir nos falar. Ele tem acompanhado seus sonhos, seguido o que espera fazer pelo resto da vida e nós, da família, estamos muito satisfeitos e ficamos honrados em nosso filho poder fazer parte dessa história”, afirmou.

A saudade não será uma companheira agradável para Ivete de Oliveira, a mãe de Diego, contudo a certeza de que o retorno do seu filho ocorrerá em paz tranquiliza o seu coração. “Vai ser muito difícil. Ele é um filho muito próximo a mim, todos os dias está em minha casa. A saudade não será fácil de enfrentar, mas a gente sabe que é trabalho e, ainda mais, partindo para uma missão tão bonita. Não podia estar mais feliz”, declarou Ivete Oliveira.

Missão é reconstruir o país

A missão das Nações Unidas no Haiti teve início há exatos 10 anos, quando, em 30 de abril de 2004 o Conselho de Segurança das Nações Unidas criou a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah). A missão foi ativada em 1° de junho de 2004 e a participação brasileira se deu com a presença do Batalhão de Infantaria de Força de Paz (Brabat), Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais (Marinha), um Oficial de Ligação da Força Aérea e, a partir de 2005, com 150 militares da Companhia de Engenharia de Força de Paz - Haiti – ou Brazilian Engineering Company (Braengcoy) – somaram-se à Minustah. O efetivo passou, então, a ser de 250 militares, a partir do 10º Contingente, em 2009.

Durante a fase de estabilização e pacificação de Porto Príncipe, capital do Haiti, os soldados da Braengcoy removeram entulho, fecharam trincheiras e desobstruíram vias públicas para que as tropas pudessem avançar e restaurar a ordem pública. Com os abalos sofridos pelo Haiti devido a furacões, tempestades tropicais e abalos sísmicos, as tropas de Engenharia ainda trabalharam na remoção de entulho e lixo dos canais pluviais que cortam a cidade, operações para reconstrução e reposição da cobertura asfáltica em vias públicas.

Em 12 de janeiro de 2010, o Haiti sofreu forte abalo sísmico, deixando a região de Porto Príncipe em estado de calamidade pública. Concluído o socorro às vitimas do desmoronamento, os militares atuaram na busca e resgate de sobreviventes, na desobstrução de vias públicas, no sepultamento de milhares de vítimas e na preparação de um campo para desabrigados pelo terremoto. Atualmente as principais missões do Exército brasileiro são prover apoio de Engenharia para a Minustah; manter um ambiente seguro e estável; e apoiar a reconstrução do país.

Ajuda humanitária é essencial

Além daqueles que vivem a expectativa de partir pela primeira vez em missão num país estrangeiro, há quem deseje reviver a experiência. Esse é o caso do major Luciano de Lima. Tendo como norte o crescimento profissional, sua primeira ida ao país demonstrou que, além da missão militar, a sensação foi de estar contribuindo para reconstruir um país em ruínas.

“Indo em missão, temos uma reciclagem muito boa da parte profissional, além de participar de uma missão internacional sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU), instituição mundialmente reconhecida, ainda ajudamos a população a sair do fundo poço. Pode não ser muita coisa, mas botamos tijolos nessa construção”, comentou.

Sua primeira partida para o país foi em 2011. Foram oito meses de uma missão que teve início logo após o país ter sido assolado por um grande terremoto, no ano de 2010. À época, estimou-se que três milhões de pessoas tinham sido afetadas pelo terremoto que causou a morte de mais de 200 mil haitianos.

“Chegamos a um país totalmente diferente do nosso, até pelas dimensões e condições precárias de vida da população. Nos deparamos com uma pobreza extrema, um povo abandonado e sofrido e que precisa de ajuda. Além disso, víamos um país devastado por um terremoto que matou milhares de pessoas, então, nós, como somos da parte de Engenharia, tivemos como foco a reconstrução de estradas, perfuração de poços, terraplenagem de área para construções de hospitais e verticais”, relembrou.

A sensação da missão efetuada no país foi de dever cumprido, disse o major Luciano. “Sentimos que colaboramos para o desenvolvimento, para tirar o país do caos”, declarou o major.

Leia mais na edição do JORNAL DA PARAÍBA deste domingo (24).

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Jornal da Paraíba

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