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ECONOMIA

Tributos a mais com retorno pífio

Carga de impostos e contribuições acompanham todos os produtos e serviços consumidos.

Publicado em 06/07/2014 às 8:00 | Atualizado em 05/02/2024 às 11:24

Desde as primeiras horas do dia até o anoitecer o paraibano, assim como todo brasileiro, acumula gastos com tributos embutidos nos preços de todos os produtos e serviços consumidos. No café da manhã um pão francês tem 16,85% de impostos e se ele for acompanhado de um leite morno acrescenta-se mais 28,17% no complemento da refeição. O Brasil é um dos países do mundo que tem maior carga tributária e ainda carrega o agravante de não reverter essa arrecadação em melhores serviços para a população.

Até o início da tarde de sexta-feira o site Impostômetro - http://www.impostometro.com.br/ - mostrava que o valor pago em tributos federais, estaduais e municipais acumulados no país desde o início de 2014 estavam em cerca de R$ 834 bilhões, o que representa mais de R$ 400 mil por habitante.

Nos produtos alimentícios essenciais essas taxas também estão presentes, onerando ainda mais o valor da cesta básica dos parabainos. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a carga tributária inserida no valor do feijão (17,24%), carne bovina (17,47%) e arroz (17,24%) marca o cotidiano de muitas donas de casa e o curioso é que a maioria não tem consciência de quanto desembolsa a cada compra.

“Nem imagino quanto pago de imposto todo dia. A vida é tão corrida que não nos damos conta disso. O que eu sei é que recebo um salário mínimo todo mês e o dinheiro vai embora muito rápido. Todo mundo diz que pagamos muito imposto, mas não temos escolas nem postos médicos de qualidade”, afirmou a dona de casa Rosemar dos Santos Gadelha, que trabalha como auxiliar de serviços gerais.

O professor de contabilidade tributária, contabilidade internacional e teoria da contabilidade da unidade Faculdade Maurício de Nassau de João Pessoa Wellington Barbosa explicou que a alta carga tributária brasileira advém da má gestão pública, aliada a uma cultura de grande parte dos políticos brasileiros em sempre querer tirar vantagem em benefício próprio, em detrimento do bem comum. “O sistema é falho e a forma como o dinheiro é aplicado não é suficiente para atender as necessidades do povo como educação, saúde e segurança”, afirmou.

SUPÉRFLUO E ESSENCIAIS
Wellington Barbosa esclareceu que a taxa de imposto aumenta de acordo com a essencialidade do item. Isso significa que os produtos considerados supérfluos têm carga tributária maior.

Daí a explicação da incidência de 81,87% de tributo sobre o preço da cachaça, 80,42% sobre o valor do cigarro e de 51,04% em cima do custo da maquiagem (nacional).

O professor de contabilidade ainda destacou que a forma como é arrecadado o tributo é injusta, porque no Brasil quem ganha menos, proporcionalmente, acaba pagando mais imposto. Ele contou que em alguns países existem a progressividade da arrecadação tributária.

“Ou seja, quanto mais progride o ganho e o patrimônio da pessoa, mais alto é o tributo. E no nosso país os ricos e os pobre arcam com a mesma carga de impostos”,comentou. Essa diferenciação da taxa de imposto citada pelo professor está presente em alguns países desenvolvidos na aquisição de bens duráveis como imóveis.

O presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike, também criticou o sistema de tributação brasileiro e admite que a má postura dos políticos engessa o sistema e prejudica principalmente os mais pobres. “O governo só pensa em se perpetuar no poder e não atende os direitos da população previstos na Constituição Federal”, afirmou.


Percentual de tributos embutidos nos preços de alguns produtos e serviços consumidos no dia a dia


Conta de energia: 48,28%
Conta de água: 24,02%
Gasolina: 53,03%
Conta de telefone: 46,12%
Arroz: 17,24%
Feijão: 17,24%
Carne bovina: 17,47%
Pão: 16,86%
Pasta de dente: 34,67%
Sabonete : 37,09%
Papel higiênico (4 rolos): 39,94%
Creme de barbear: 56,64%
Shampoo: 44,20%

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Jornal da Paraíba

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