EDUCAÇÃO
Problemas na estrutura impedem que Caics sejam escolas diferenciadas
Caics apresentam problemas nas estruturas físicas, que impedem o desenvolvimento da ideia original de educação em tempo integral.
Publicado em 03/05/2009 às 8:14
Alex Lacerda
Do Jornal da Paraíba
Prestes a completar 15 anos na Paraíba, os Centros de Atenção Integrada à Criança (Caics), unidades de ensino frutos de um projeto criado pelo governo federal com a finalidade de fazer com que crianças de baixa renda passassem o dia participando de atividades, agora funcionam como colégios convencionais, perdendo boa parte dos objetivos iniciais de escola diferenciada e hoje necessitam de reformas.
Os três maiores Centros da Paraíba, situados em João Pessoa, Campina Grande e Patos, que estão sob a administração do governo do Estado, apresentam problemas nas estruturas físicas, que impedem o desenvolvimento da ideia original de educação em tempo integral.
Em João Pessoa, na unidade localizada no bairro de Mangabeira, a quadra esportiva está com a armação enferrujada, faltam redes para as traves de futebol e cestas de basquete, e a creche que atendia a mais de 150 crianças foi fechada devido a problemas na estrutura. Segundo a diretora do Caic, Maria Sueli Vieira Santos, que trabalha na unidade desde a fundação, em 1994, os pequenos beneficiados com o serviço foram distribuídos em outras creches da rede de ensino no bairro.
“O Caic hoje é igual a qualquer escola. A creche foi interditada e desativada ano retrasado e não tem mais nada a ver com a administração do Caic. Desde que passou para a Secretaria de Ação Social deixou de ser aproveitada, pois atendia a mais de 150 crianças. Hoje nós nem mesmo temos a chave de acesso ao local”, destacou Maria Sueli Vieira.
Os problemas do Caic de Mangabeira não param por aí. A unidade dispõe de diversas práticas extracurriculares, como cursos de xadrez, dança, Português, Matemática, trabalhos manuais, informática, mas nem todos os 968 alunos têm acesso, pois os cursos só são oferecidos para os que estudam até a 7ª série do ensino fundamental, que têm que se ater aos horários de aula para participar das atividades.
Segundo a diretora do Caic, Maria Sueli Vieira, a restrição existe porque, apesar da estadualização, para algumas ações como os cursos extracurriculares, o governo federal só destina recursos para atividades extras para alunos até a 7ª série do ensino fundamental. No entanto, os estudantes do Caic de Mangabeira se desdobram e conseguem driblar as dificuldades. “Acabei tendo acesso a aulas de dança e xadrez, mesmo não tendo direito, afirmou o aluno Mailson Roberto, do segundo ano do ensino médio.
“Quando o primeiro Caic foi inaugurado na Paraíba, em 1994, deu inclusive confusão, pois os pais faziam fila para matricular seus filhos pensando que poderiam deixar as crianças na escola em tempo integral, mas isso acabou não ocorrendo”, explicou a professora de educação física Fátima Sérgio de Aquino Bósio.
Mas, apesar dos problemas, muitos alunos como Beatriz Rocha Sousa (16 anos), do segundo ano do nível médio, diz estar satisfeita com as atividades oferecidas na unidade, apesar de não poder participar. “Eu acho ótima a escola. Muitas das minhas amigas saem daqui mas acabam voltando, pois a escola é uma das melhores”, argumentou.
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