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ESPORTES

Sonho de menino

Atacante paraibano superou as dificuldades para realizar o sonho de ser jogador de futebol.

Publicado em 12/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 30/01/2024 às 14:29

Saiu de sua terra ainda menino com destino a São Paulo. Seguindo os passos de tantos outros garotos de sua idade, pegou um ônibus e passou três dias viajando até chegar ao destino final. O primeiro momento de sofrimento aconteceu logo na rodoviária de sua terra. Velha, suja e com ares de abandonada. Foi o momento em que deu um abraço apertado em sua mãe, segurou o choro e entrou no ônibus. Não quis chorar para não deixar ninguém preocupado.

E por isso fez ares de adulto de quem está bastante seguro com os passos que vai dar.

Venceu este primeiro desafio. Ao menos até o ônibus dobrar a esquina. E com a última visão de sua mãe, já envelhecida, com cabelos brancos, dando tchau ao filho que partia, aí sim ele chorou. Muito. Sabia que sentiria saudades. Que sofreria o que nunca sofreu até então. Mas estava decidido.

Sonhava ser jogador de futebol desde que entendera o que é a própria vida. Desde que vira uma primeira vez a bola rolar. Desde que, numa tarde de domingo, arriscou uns passes no “campo” de barro batido. Com uma bola “dente de leite” levemente ovalada.

Interessou-se imediatamente pela pelota. Num caso de amor inabalável e cada vez mais arrebatador. E era justamente por isto que estava viajando para São Paulo. Depois de algum tempo jogando no time da sua cidade, estava na hora de voos mais altos. Sonhos mais inatingíveis.

Conquistas mais prazerosas. Viajava com um baita medo. Mas determinado. Queria ser jogador de Seleção. Queria fazer dinheiro. Dar uma vida melhor à mãe, que apesar de nunca ter passado fome, também nunca tinha tido dinheiro para nada mais do que o essencial. E além de tudo isto, tinha um quê de patriotismo nele que lhe mexia. Estava disposto a defender as cores do Brasil. A brigar por elas. A dar o sangue pela vitória. Tinha, enfim, algo de romântico em seu jeitão de atleta.

Chegou em São Paulo. E foi em busca das peneiras. Clube por clube. Tinha plena confiança em suas próprias qualidades, sabia que era bom jogador, e que iria vencer na vida. Precisava apenas de uma oportunidade. E no fundo tinha certeza que ela chegaria.

Justamente por causa de toda esta surpresa, contudo, é que ele se abalou terrivelmente com o primeiro não que recebeu. Com a primeira dispensa. O primeiro revés. O segundo não foi menos doloroso. O terceiro lhe deu uma sensação de revolta. E o quarto de desespero. Com o tempo, veio a resignação. Já sabia que não seria tão fácil, mas que ainda assim continuaria sonhando.

E por isto, precisava arranjar um emprego. Foi em busca. E desta vez conseguiu fácil. Virou pedreiro de estádio de futebol de Copa do Mundo. Construir onde, quem sabe um dia, jogaria. E muito por isto, precisava caprichar. Queria deixar tudo um brinco para um dia em que ele fosse usufruir de tudo aquilo.

O tempo passou. O sonho não. Seguia trabalhando e diariamente conversando com sua mãe. Matando a saudade. Um belo dia, saiu mais cedo para chegar a tempo de uma peneira. Conseguiu enfim a fazer as jogadas que ele sabia conhecer e pela primeira vez foi aprovado para um time de futebol.

Foi direto para o trabalho. E estava radiante. Ia pedir demissão. Pensava nos tempos de criança. No futuro promissor. Em voltar a ver sua mãe. Em matar a saudade. Pensava no próximo abraço. Na vida que teria pela frente. Mas nada disso aconteceu. Foi engolido pelos erros humanos. Virou estatísticas de um acidente trágico. Deu o sangue, de fato. Mas jamais seria lembrado por isto.

Porta-Retrato

Muitos falam do jejum do Brasil entre 1970 e 1994, mas a Argentina vive atualmente um jejum até mais doloroso. A última vez que os hermanos foram campeões foi em 1986, nada menos do que 28 anos atrás. A última final, em 1990, foi há 24 anos. Desde então o time argentino não consegue chegar nem mesmo numa semifinal de Copa do Mundo.

De olho na rede

“Camisa amarela é na seleção”.

Cláudio Killa, advogado e torcedor do Treze, defendendo as tradições na Seleção, mas esculhambando com a ideia de alguns clubes brasileiros (o seu Galo entre estes) que adotaram padrão semelhante ao do Brasil neste período pré-Copa do Mundo.

Argentina treina no Independência e faz sucesso entre brasileiros

A Seleção da Argentina, como maior rival do Brasil, vai ser hostilizada no país. Certo? Nem tanto. O time de Messi e companhia fez um treino aberto ao público ontem no Estádio Independência e foi muito bem recebido pelos brasileiros. O estádio ficou bastante cheio e os atletas fora bastante aplaudidos. Com destaque, claro, aquele que por quatro anos seguido foi considerado o melhor jogador do mundo.

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Jornal da Paraíba

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