CULTURA
Realismo fantástico em Noturno
Destaques em Noturno são as criaturas e as metamorfoses que os humanos sofrem
Publicado em 09/12/2012 às 19:00
A primeira obra de Salvador Sanz publicada no Brasil foi Noturno (Zarabatana), que inaugurou a Coleção Fierro em 2010.
O álbum nos apresenta Lúcio e Lúcia, um casal que se conheceu em um show de mágica, quando se ofereceram como voluntários para participar de um número de hipnotismo. A partir daí, eles começam a sonhar com voos, grandes aves carniceiras e um mundo estranho.
O que ambos não sabem é que não estão sozinhos neste devaneio. Na luz da verdade, a situação é uma invasão de outra dimensão, onde seres alados utilizam seus corpos como entrada.
O realismo fantástico, muito visto nas escritas de nomes de conterrâneos de Sanz como Luis Borges e Julio Cortázar, ganham formas através da arte hiper-realista do quadrinista, que retrata detalhadamente ambientes de Buenos Aires.
A diagramação tradicional, sem muita inventividade, não impede do argentino mostrar seu domínio da narrativa visual. Os personagens apresentam profundidade e o enredo é criado com flashbacks, oferecendo pistas para o clímax da invasão.
Os destaques em Noturno são as criaturas e as metamorfoses que os humanos sofrem. A magia, o ordinário, o realismo fantástico, o terror e até o erotismo têm cara e plumas: imensas e carniceiras criaturas que fazem ninho na imaginação do leitor, presente de um dos melhores da nova geração argentina.
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