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COTIDIANO

Polícia prende 17 pessoas por ações em grupo de extermínio

Operação ‘Águas Limpas’ está relacionada a uma das acepções do nome Paraíba, que significa águas revoltas, turvas.

Publicado em 28/08/2010 às 10:00

Valéria Sinésio e Luzia Santos
Do Jornal da Paraíba


A operação ‘Águas Limpas’, deflagrada na madrugada da sexta-feira (27), prendeu sete policiais militares (PMs) da Paraíba e um do Distrito Federal, além de mais nove pessoas, acusados de formação de grupos de extermínio no Estado. Cerca de 220 homens das polícias Militar, Civil e Federal saíram às ruas com a missão de cumprir 19 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual, nos municípios de João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, além do Distrito Federal. Até o fechamento da edição deste sábado do Jornal da Paraíba, ainda faltava cumprir dois mandados de prisão.

Durante entrevista coletiva realizada na sede da Secretaria de Estado da Segurança e Defesa Social, no bairro de Mangabeira, em João Pessoa, o secretário Gustavo Gominho afirmou que os presos são responsáveis pelo registro no aumento da criminalidade na Paraíba. O secretário disse não ter dúvidas da existência de grupos de extermínio no Estado – há cerca de dez anos – e que em maio do ano passado, a polícia descobriu que um apenado de um dos presídios de João Pessoa encomendava as mortes aos grupos de extermínios que têm a participação de policiais.

Gominho afirmou que o inquérito policial que culminou com a operação ‘Águas Limpas’ foi instaurado no dia 5 de janeiro deste ano e que as investigações começaram já em março de 2009, pela Polícia Civil, com base em informações da existência de grupos de extermínio na Grande João Pessoa.

Foram presos os policiais militares Latércio Bento dos Santos (cabo), Arnóbio Gomes Fernandes (sargento), Erivaldo Batista Dias (sargento), Ivan Ribeiro da Silva (sargento) e Renilson de Freitas Silva (cabo). Além de Edemar da Silva Souza (cabo) e Joselito Lacerda da Silva (cabo), ambos já estavam recolhidos, mas foram levados para o Corpo de Bombeiros. No Distrito Federal foi preso Amarílio Lourenço da Silva (cabo) que tinha a missão de fornecer armas para os grupos de extermínios na Grande João Pessoa.

Durante a operação também foram presos o agente penitenciário Sérgio de Oliveira Carneiro, o segurança Eliezer Gonçalves de Freitas, o comerciante Lupércio de Medeiros Filho, Ciel da Silva Marques, Christian Dias Abílio, Wagner Batista de Oliveira, Adriano dos Santos Rocha, Gisélia Maria Mendes (esposa do sargento Joselito) e Antônio Luiz da Silva.

Um dos mandados de prisão foi para o policial Joselito Lacerda, que cumpria pena há mais de um ano no 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM). Na casa dele, a polícia encontrou um cofre, no qual estavam pelo menos 30 armas e muita munição. Segundo o secretário, o policial foi encontrado com arma dentro da unidade e saía à noite para matar pessoas (todas por encomenda) na região da Grande João Pessoa. “Quero destacar que esses policiais que foram presos representam uma pequena parcela da corporação. Não quero que a sociedade julgue todos por alguns”, declarou Gominho. “São criminosos infiltrados dentro da Polícia Militar”, afirmou.

O grupo é acusado também do tráfico de armas. Com eles foi encontrado um verdadeiro arsenal, sendo que pelo menos 20 armas, “não podem ser usadas nem pelas Forças Armadas em tempo de paz”, afirmou o secretário. Também foi apreendida munição pesada; num total de mais de 18 mil munições; 25 carregadores de pistola, cinco silenciadores, pistolas e revólveres e até uma caneta que dispara, o que mostra a preparação do grupo. “Esse grande aparato de armas representa apenas um pouco do que foi apreendido, pois não deu para trazer tudo para a secretaria”,disse.

O delegado da Polícia Federal, Omar Mussi, disse que a integração das polícias foi de fundamental importância para a desarticulação do grupo. O delegado disse também que o grupo tem participação direta em assaltos a bancos e tráfico de drogas no Estado.

Em relação aos homicídios, o delegado explicou que a maioria das mortes era encomendada. “Em alguns casos, os policiais criminosos agiam com interesse particular, mas a maioria dos assassinatos foi encomendada, ou seja, paga”, frisou. Era, em outras palavras, a queima de arquivo. “O levantamento que fizemos tinha características de execução”, disse Gominho, acrescentando que muitas coincidências foram constatadas durante o acompanhamento.

O secretário disse ainda que recebeu pedido do deputado Luiz Couto para apuração de grupos de extermínio no Estado. Gominho citou o assassinato de Manoel Mattos, em janeiro de 2009. Na época, ele era vereador e denunciou a existência dos grupos criminosos com atuação em municípios paraibanos.

Os grupos de extermínio que foram desarticulados na sexta-feira (27) , de acordo com a polícia, têm comunicação e ‘parceria’ com organizações criminosas do Sul do país. Os policiais devem responder, além do processo criminal, procedimento administrativo, que pode culminar com a suspensão ou expulsão da Polícia Militar.

A operação ‘Águas Limpas’ está relacionada a uma das acepções do nome Paraíba, que significa águas revoltas, turvas.

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Jornal da Paraíba

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