BICHOS
Além de desequilíbrio emocional, baixa autoestima pode levar a depressão
Saber identificar os sinais de alerta é importante para conseguir reverter um quadro de depressão.
Publicado em 19/04/2015 às 18:00 | Atualizado em 10/03/2023 às 14:22
O término de um relacionamento, uma demissão inesperada e até uns quilos a mais na balança são situações que podem deixar a pessoa com a autoestima baixa. A sensação, geralmente, deixa a pessoa para baixo, se sentindo diminuída perante os demais, influenciando diretamente na qualidade de vida. A baixa autoestima pode ser a ponte para o desequilíbrio emocional, ansiedade, medo, fobias e até mesmo a depressão. Saber identificar os sinais de alerta é importante para conseguir reverter esse quadro e ter uma vida mais feliz.
A psicóloga Simone Nepomuceno explicou que a autoestima é a construção de pensamentos sobre si mesmo, ao longo de experiências vividas em todo o seu desenvolvimento. “A autoestima influencia as expectativas que a pessoa tem sobre o seu desempenho em todas as áreas de sua vida”, afirmou. Segundo ela, a baixa autoestima pode surgir diante de várias situações que envolvem relacionamentos interpessoais, seja familiar, profissional ou social.
Com a autoestima baixa, é possível que o desenvolvimento das habilidades sociais, fundamental para a constituição de relacionamentos saudáveis, seja atingido negativamente. “Em geral, a pessoa que apresenta baixa autoestima tende a minimizar suas necessidades e tem dificuldade em solicitar seus direitos, trazendo prejuízos para a saúde mental, que se manifesta através da ansiedade e do estresse”, explicou a psicóloga.
Quem tem baixa autoestima também costuma evitar situações de exposição, comprometendo, assim, suas atividades profissionais, e trazendo prejuízos no desenvolvimento social. Além disso, com a autoestima baixa, o indivíduo pode ter o receio de estar sendo egoísta quando o assunto em questão são seus direitos, segundo Simone. O que é uma ideia equivocada, conforme declarou psicóloga. “Por outro lado, pessoas com autoestima elevada conseguem defender seus direitos e sabem o quanto é saudável uma relação de reciprocidade”, frisou.
Ter uma boa autoestima nada tem a ver com soberba ou prepotência, como algumas pessoas pensam. “Isso é um grande equívoco. Ao contrário, a pessoa tem mais facilidade em reconhecer os direitos das outras pessoas quando têm uma autoestima elevada”, afirmou Simone. O equilíbrio entre a auto e a baixa autoestima se dá, segundo ela, quando a pessoa consegue desenvolver a habilidade da auto compreensão.
O primeiro passo para conseguir esse equilíbrio é quando a pessoa entende que a ideia de perfeição não existe, é ilusão. “É importante a pessoa compreender que, mesmo com falhas, pode ser amada e que as falhas que existem não são suficientes para desqualificá-la”, pontuou. Um exercício que pode ser feito por todos é questionar a si mesmo: “O que eu não estou considerando em mim?”. De acordo com Simone, o fato de uma pessoa errar não a torna um erro. “O erro pode ser pedagógico, quando há disposição para corrigi-lo”, afirmou.
Os sinais de alerta para buscar tratamento são: preocupação excessiva fora do normal pela aprovação dos outros; insegurança e ansiedade na tomada de decisões, com medo de fazer a escolha errada; quando as pessoas vivem se comparando às outras; e quando passam a evitar ou adiar a tomada de decisões. “Nesses casos, a psicoterapia, sem dúvida, irá ajudar a fortalecer a autovalorização, ajudando o paciente a reconhecer suas qualidades, forças e comportamentos bem sucedidos”, explicou.
Visão distorcida de si mesmo
Fazer coisas que não gosta só para agradar os outros é um dos sinais que a pessoa está com a autoestima baixa, segundo a psicóloga Ludmila Rodrigues. Isso acontece porque geralmente a pessoa tem uma visão distorcida de si mesmo e acaba fazendo coisas que vão contra seus desejos para agradar os outros e ter a aprovação alheia. “Com isso, a própria pessoa identifica que suas relações se mantêm por deixar os outros em primeiro lugar, se doar o tempo todo e não negar nenhum favor”, explicou. Não é possível ser feliz dessa forma, segundo os especialistas. Baixa autoestima é o mesmo que falta de amor-próprio.
A insegurança é uma das características marcantes de quem está com a autoestima baixa, segundo Ludmila “Se a pessoa não vive um relacionamento saudável consigo mesmo, não sabe reconhecer seus pontos fortes e sua beleza, se sentirá insegura diante de algumas situações”, declarou. Com a autoimagem negativa, a pessoa tende a ver um acontecimento ou situação trivial como catastróficos, quando na verdade a realidade não é tão cruel como se pensa.
Ludmila lembrou que, mesmo quando a pessoa é atacada pelas outras, mas mantém seu amor próprio inabalável, consegue andar de 'cabeça erguida', e consequentemente vive mais feliz. Já uma pessoa que tem autoestima baixa, geralmente fica inibida e muitas vezes não sente prazer e gratificação com as experiências da vida. “Diante dessas situações, o melhor é buscar ajuda psicológica para elevar o sentido de valor próprio, que determina a forma como nos sentimos”, explicou a psicóloga.
Ela disse que pesquisas mostram que a visão negativa de si é um fator determinante para o surgimento não só da depressão, mas de outros transtornos psicológicos como: fobias, estresse, ansiedade, insegurança interpessoal, alterações psicossomáticas, problemas de relacionamento, baixo rendimento acadêmico e profissional, abuso de substâncias nocivas, problemas de imagem corporal, incapacidade de regular as emoções, dentre outros.
Pessoas com autoestima baixa, segundo a psicóloga, podem ter a sensação que o mundo está contra elas. “Muitas vezes as pessoas estão tão convictas de suas crenças negativas, que nem percebem sua inadequação e irracionalidade diante dos fatos, principalmente quando estão depressivas”, pontuou Ludmila. Já pessoas com autoestima elevada costumam não supervalorizar a opinião alheia. Não mudam o jeito que se vestem ou se comportam porque temem a reprovação dos outros.
Ainda de acordo com a psicóloga, quando a autoestima não tem força suficiente, a pessoa vive mal, é infeliz e sofre de ansiedade. “Amar a si mesmo é, talvez, o fato mais importante para garantir nossa sobrevivência em um mundo complexo e cada vez mais difícil de enfrentar”, finalizou Ludmila.
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