BICHOS
Sem cuidados, lentes de contato podem acabar sendo vilãs
Mau uso das lentes pode causar infecções e lesões nos olhos. Em alguns casos, o paciente precisa fazer transplante de córnea.
Publicado em 03/05/2015 às 7:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 12:22
A troca dos óculos pelas discretas lentes de contato é frequente entre as pessoas que têm problemas oculares. No entanto, não basta simplesmente trocar um pelo outro. É preciso tomar uma série de cuidados para que o uso da lente não traga prejuízos à saúde dos olhos. O mau uso das lentes pode causar infecções e lesões nos olhos. Em alguns casos, o paciente precisa fazer transplante de córnea. Cuidados simples podem evitar esses problemas.
Um dos erros mais comuns é usar as lentes por um período maior que o recomendado, segundo explicou a médica oftalmologista Isabella Queiroga, chefe da Unidade de Visão do Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa.
O tempo máximo de permanência com a lente de contato varia de acordo com as características do produto. “Só o oftalmologista poderá recomendar o tempo permitido, levando em conta o paciente e o tipo da lente”, frisou. Não respeitar o tempo de validade das lentes e conservá-las em soro fisiológico (no lugar de solução antisséptica apropriada) são outros erros frequentes.
As lentes de contato também não devem ser usadas quando, por exemplo, os olhos ficam vermelhos, um sinal de que algo está errado. “É importante lembrar que o manuseio das lentes de contato deve ser feito sempre com mãos limpas”, declarou a oftalmologista. Segundo ela, quando esses cuidados são desprezados pelo paciente, ele fica mais propenso a lesões e infecções na superfície ocular.
Em alguns casos, o mau uso da lente de contato pode ter como consequência a formação de úlcera na córnea. “Pode haver complicações que levam a alterações irreversíveis da córnea, que pedem o transplante para a recuperação da visão”, explicou Isabella. Sobre dormir com as lentes, a oftalmologista disse que há tipos específicos que permitem uma maior oxigenação da córnea, e que por isso é permitido dormir. Entretanto, isso não é uma prática recomendável.
Os sintomas que indicam que a lente está sendo usada incorretamente são vermelhidão, dor ocular, sensação de 'areia' nos olhos, visão embaçada e presença de secreção ocular. A higienização das lentes vai variar de acordo com o tipo do produto. “Em linhas gerais, é sempre necessária a utilização de solução antisséptica específica”, destacou a oftalmologista.
O uso de lentes de contato não impede que o paciente use maquiagem, mas é preciso tomar cuidado. Segundo Isabella, primeiro a pessoa deve colocar as lentes para só depois usar os cosméticos. Em relação à praia e piscina, outra dúvida comum, a médica disse que as lentes podem ser usadas sem problemas, desde que os cuidados sejam observados. Por fim, ela disse que é preferível intercalar o uso dos óculos com as lentes no dia a dia.
Praticidade é principal vantagem das lentes
O uso das lentes de contato pela estudante de direito Germana Almeida começou há 10 anos, meio que por acaso. Ela ia a uma festa de formatura e achou que os óculos não ficariam bem com a roupa escolhida. Também não queria esconder a maquiagem. “Inicialmente foi uma questão de vaidade, mas depois percebi as vantagens da lente e não larguei mais”, afirmou Germana, que usa lentes descartáveis.
A estudante coloca as lentes pela manhã e só tira quando volta para casa, à noite. “As lentes também ajudam muito no momento da prática de exercícios, pois com os óculos há limitação”, declarou. As lentes foram grande aliada de Germana quando ela fazia aulas de taekwondo, técnica marcial que inclui uma série de movimentos. “Tive uma boa adaptação com as lentes. Mesmo em ambientes com ar-condicionado meus olhos não ressecam e não ardem com o passar do tempo, devido aos cuidados que tenho”, frisou.
Diagnosticada com miopia e astigmatismo há três anos, a estudante Yanne Moura também trocou os óculos pelas lentes de contato. Ela buscava nas lentes a discrição que não encontrava nos óculos. A estudante disse que não teve problemas com a adaptação das lentes e que não se arrepende da troca, feita há seis meses. Para não ter complicações, Yanne procura seguir todas as orientações do oftalmologista. Sempre lavar as mãos antes de manuseá-las, por exemplo, é algo que ela não descuida.
Quando decidiu usar lentes de contato, a estudante optou pela troca anual, que tem como vantagem a vida útil prolongada, o que não acontece com as descartáveis, cuja troca deve ser feita a cada dois ou três meses. “Uso a lente cerca de 5 a 8 horas por dia e procuro usar colírios específicos a cada 3 horas para manter a hidratação dos olhos”, afirmou Yanne, que admitiu ainda usar os óculos em alguns momentos de pressa.
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