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COMUNIDADE

Conheça expressões que têm origens racistas, e que você deveria deixar de usar

Nesta segunda-feira (21) é marcado o Dia Internacional Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.

Publicado em 21/03/2022 às 17:19 | Atualizado em 21/03/2022 às 18:08


                                        
                                            Conheça expressões que têm origens racistas, e que você deveria deixar de usar

Os quase quatrocentos anos de período escravocrata no Brasil deixaram rastros em diversas estruturas do país. A língua, como reflexo do que se vive em sociedade, é marcada por heranças de vários tempos históricos distintos. O português aqui presente foi construído através da herança portuguesa, bem como pelas mesclas com palavras presentes nas tradições indígenas e africanas. 

Foi a partir dessa relação, estruturada sobre muita violência, que os termos se popularizaram há tempos e seguem sendo reproduzidos, muitas vezes sem que se entenda os impactos das palavras. 

Nesta segunda-feira (21) é marcado o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, e o JORNAL DA PARAÍBA separou algumas expressões com conotação racista que poderiam ser retiradas do vocabulário do dia a dia. Confira:

1 - Denegrir

Geralmente utilizada para indicar que alguém está sendo difamado, ou “mal falado”, a expressão quando levada ao sentido literal se relaciona com “tornar negro”. O tom racista vem, então, da associação do tornar-se negro a algum ruim, negativo. 

Substituir por: “fulano está manchando a minha imagem” ou "ciclano está sendo difamado”. 

2 - Mulata

A bagagem racista da palavra tem sentido histórico. A origem etimológica mais difundida é a do latim mulus, que se refere a um “animal híbrido, estéril, produto do cruzamento do cavalo com a jumenta, ou da égua com o jumento”. 

Desse modo, passou-se a usar “mulato” para se referir a pessoas negras fruto da miscigenação, ou seja, cujo pai fosse branco e a mãe negra. Além da herança depreciativa por si só, há um atenuante que expõe uma violência histórica: mulheres negras escravizadas eram vítimas de estupros por parte dos senhores, com o tempo grande parte do clareamento de pele do país se relacionou com esse processo violento. 

Essa dinâmica de sexualização das mulheres negras ganhou novos sentidos com o passar do tempo. Atualmente, a utilização do termo “mulato” pode ser para designar pessoas negras de pele clara, mas muitas vezes, quando dito no feminino, serve para reforçar o estereótipo de que as mulheres negras brasileiras têm corpos disponíveis para serem sexualizados de forma constante. 

O termo “mulata exportação” foi usado pela poeta brasileira Elisa Lucinda para criticar como as mulheres negras são vistas no imaginário social brasileira, como um corpo público e disponível para tratamentos desrespeitosos. 

Desse modo, seja para se referir a pessoas negras de pele clara, ou para objetificar mulheres negras, “mulato” e “mulata” são termos historicamente racistas. 

Substituir por: homem negro, mulher negra, pessoa negra. 

3 - Humor negro; mercado negro; inveja branca

As três expressões utilizam o marcador racial para adjetivar, positivamente ou negativamente algo, a depender da cor. A ideia de que, se algo é ruim, ácido ou maldoso, no caso do humor, deve ser associado a negritude faz parte do racismo estrutural, algo presente no inconsciente coletivo de uma sociedade construída através da exploração e dos maus tratos contra a população negra. 

No caso de “mercado negro”, a associação é feita com a contravenção, a ilegalidade. Isso atrela a negritude ao status de criminalidade. 

“Inveja branca” atua de maneira contrária, atrelando uma forma branda de algo que é tido como um defeito moral, no caso na inveja, a branquitude. Quase como um marcador de que, se algo é bom, é branco, dando margem para o negativo ser, mais uma vez, relacionado ao que é negro. 

Substituir por: humor ácido; mercado paralelo; ambição.

4 - Da cor do pecado

Remontando a perspectiva histórica de sexualização dos corpos negros, atribuir a pessoas de cor uma relação com o profano é uma tradição racista. A expressão é utilizada, muitas vezes, em tom elogioso, quando alguém desavisado vai dizer que a pessoa tem uma cor bonita. O erro é associar isso ao pecaminoso, reproduzindo um estereótipo que ainda prejudica muito a comunidade negra. 

Substituir por: “fulano é bonito ou fulana é bonita”. 

5 - Cabelo ruim/ cabelo duro

Essas expressões estão relacionadas a inferiorização da estética negra ao longo do tempo. Graças ao racismo estrutural, se construiu um ideal de beleza que afirma como belo aspectos da estética europeia, que no caso do cabelo se põe como fios lisos e pouco volumosos. A noção de que os cabelos crespos e cacheados, prevalente entre pessoas negras, são feios, sujos ou mal cuidados é racista, e acaba gerando problemas de autoestima na comunidade negra. 

Ao longo das décadas, muitas mulheres alisaram os cabelos por sofrer preconceitos na escola ou no mercado de trabalho por causa do cabelo. Homens negros são incentivados a rasparem o cabelo para evitar qualquer tratamento discriminatório. Isso tem mudado, a beleza negra tem conquistado respeito, mas atrelar características negras a feiura ou sujeita é racismo. 

Substituir por: nada, diminuir uma pessoa negra por características físicas é crime de injúria racial e quem o pratica pode ser penalizado.  Em outubro de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF), após julgamento, equiparou o crime de injúria racial ao de racismo, tornando-o, portanto, imprescritível e inafiançável.

6 - Criado-mudo

Mais um termo que reflete o período de escravidão no Brasil. Quando explorar a força de trabalho de pessoas negras era legalizado e sustentava a economia do país, era comum que alguns desses serviçais fossem colocados ao lado da cama dos senhores para segurar o objeto, por horas, como se fossem móveis. Com o tempo, a mesa que serve de suporte ao lado dos locais de dormir passou a se chamar “criado-mudo”, numa alusão aos serviços prestados, forçadamente, por pessoas negras escravizadas. Deixar a expressão para trás é uma forma de tentar superar os impactos prejudiciais da escravidão. 

Substituir por: mesa de cabeceira; mesa de apoio 

7 - Macumba

Usado com recorrência para negar algo ruim, o termo “chuta que é macumba" é uma forma naturalizada de racismo religioso. Macumba é, na verdade, um instrumento de percussão muito utilizado em países africanos, presentes em terreiros de religiões como umbanda e candomblé. Desse modo, a fala incita uma intolerância com crenças e costumes vindas do continente africano. 

Substituir por: não usar, que coisas desagradáveis sejam negadas ou criticadas sem que nenhum grupo ou religião seja desrespeitado. 

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Ana Beatriz Rocha

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