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COMUNIDADE

Ser ou não ser mãe: como mulheres vivem com a decisão que tomaram

Mulheres é tema do Paraíba Comunidade que vai ao ar neste domingo (12) nas TVs Cabo Branco e Paraíba.

Publicado em 12/03/2023 às 10:09


                                        
                                            Ser ou não ser mãe: como mulheres vivem com a decisão que tomaram
Sonja Chacon produz vídeos sobre a rotina de ser mulher e mãe. Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

A maternidade é vista socialmente como uma realização na vida de uma mulher apesar de não ser um desejo de todas. As mulheres que escolheram ser mães se deparam com a sobrecarga que não é reconhecida pela sociedade e as que decidem não ter filhos, muitas vezes não são compreendidas. Todas elas partilham da mesma coisa: a alegria e dificuldades das decisões que tomaram.

A vida da professora de música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Juliana Bastos, foi transformada com a chegada de Isabela, de 2 anos. Na pandemia, Juliana engravidou, de forma planejada, e viveu um turbilhão de emoções. Como ela e o marido são de outro estado, a rede de apoio afetiva, que era o que ela mais precisava, estava distante.

"Quando a gente não tem filhos, não consegue imaginar. E quando a gente tem filhos não consegue descrever as dimensões de entrega que a gente tem. E quando a gente faz isso sem ajuda não é só um cansaço físico, é uma questão mental e emocional que está envolvida", relata. Juliana conta com uma rede de apoio paga, porque conseguem arcar com os custos.

"Cada vez que eu converso com uma mãe, com uma grávida ou vejo uma mulher com um recém nascido, a primeira coisa que penso quando eu olho é ‘quem é que está pra ajudar essa mulher’”, questiona Juliana.


				
					Ser ou não ser mãe: como mulheres vivem com a decisão que tomaram

Hoje, Juliana tem um dia a dia frenético, entre trabalho e dedicação à filha. A professora ama ser mãe, mas afirma que todos os dias, há uma batalha para lidar e nem todo mundo compreende que quando a mulher se torna mãe, as demandas não podem ser cobradas como antes.

“Eu não posso estar inteira no trabalho como eu estava antes ou em outro segmento da vida, porque eu tenho que ter uma grande parte de mim reservada para ela [Isabela]. Tenho privilégio de estar com ela, de saber que ela precisa desse tempo emocional e horas de qualidade comigo”, explica a professora que dá o melhor de si atualmente no trabalho e espera que os alunos compreendam.

Leia também: Saiba quais os direitos trabalhistas durante gravidez e no pós-parto

A influenciadora Sonja Chacon produz vídeos engraçados sobre a rotina de ser mulher, mãe e outros assuntos, assim ressignifica essas tantas atribuições que carrega na rotina com duas filhas pequenas, trabalho e na vida doméstica. "Eu vi na internet essa oportunidade de continuar no jornalismo", relata Sonja.

Ela sempre gostou da maternidade e sempre sonhou em ser mãe. Quando engravidou, começou a compartilhar essa nova parte da vida. "Eu comecei mostrando a parte mais glamourosa da gravidez e quando eu comecei a mostrar o real, percebi que as pessoas gostavam", afirma.

"A maternidade me transformou. Hoje eu consigo trabalhar apenas com internet e estar mais próxima das meninas. A maternidade é um estimulador de sonhos", enfatiza Sonja.

Não ser mãe

São muitos os papéis assumidos pela mulher e para algumas delas, ter um filho não é um sonho a ser realizado. A contadora Cláudia Tavares não quer ser mãe, mas as pessoas ao redor dela continuam cobrando por um bebê. "Eles falam: 'mas o tempo está passando e aí você não vai ter mais essa chance'. Eu não preciso dessa chance, não está no meu projeto de vida", afirma Tavares que diz estar feliz com a decisão que tomou.

Mesmo com o avanço na prática dos direitos femininos, as mulheres precisam lidar com a pressão da sociedade sobre o que fazer com o próprio corpo. Cláudia é bem resolvida e reconhece que "as pessoas falam de um jeito ou de outro", mas segue em paz.

Outras formas de maternar

Já a escritora Laine Agapito, não pensava em ser mãe e por muito tempo o foco principal dela foi a profissão. O desejo pela maternidade surgiu e ela tentou engravidar, mas o bebê não veio. "Quando você começa o tratamento como esse e não consegue terminar, ou quando engravida, mas aborta. Quando não tem um produto final isso se chama a perda irreconhecida, então você chora por uma coisa que você não teve, mas doí tanto quanto", explica Laine.

Laine decidiu então gestar e maternar de outra maneira. Ela escreveu um livro sobre o exercício do maternar e conseguiu ajudar muitas mulheres que não concretizaram o desejo de serem mães. "Muita gente não sabe o que acontece depois que uma família não consegue engravidar, como conseguir lidar com esse sentimento", explica a escritora e diz que resolveu manter outras coisas, como a carreira, a casa, família, amigos.

Leia também: Dia Internacional da Mulher: 8 de março tem origem em protestos de trabalhadoras; entenda

A pesquisadora Glória Rabay fala sobre a importância de que as mulheres façam suas próprias escolhas e as contribuições que podem fazer. "Muitas mulheres fazem outras escolhas e dão sua contribuição em outros lugares da sociedade que não na maternidade. No mercado de trabalho, na educação, na pesquisa, na ciência ou no jornalismo. É preciso que essas mulheres sejam respeitadas nas suas escolhas", reforça a pesquisadora.

Silvia Torres, TV Cabo Branco

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Jornal da Paraíba

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