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COTIDIANO

A Associação Paraibana de Imprensa serve mesmo para quê?

Publicado em 05/06/2018 às 6:44 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43

Em 1961, na renúncia de Jânio, meu pai, que não era jornalista, saía do trabalho no final da tarde e passava na sede da Associação Paraibana de Imprensa para saber das novidades da cadeia da legalidade, comandada de Porto Alegre pelo governador Brizola para garantir a posse de Jango.

Em 1984, com 25 anos, jornalista e associado, eu passava na API porque lá fora instalado uma espécie de comitê suprapartidário da campanha das diretas já.

Em 1980, vindo do exílio, Prestes estava em João Pessoa, e a API era o lugar escolhido para a entrevista coletiva do cavaleiro da esperança.

Em 1979, Gilberto Gil fazia shows em João Pessoa e Campina Grande e ia à API para um encontro com os jornalistas paraibanos testemunhado também por fãs.

O que quero dizer é que a entidade representativa da imprensa dialogava com a sociedade. Recebia pessoas ilustres. Desempenhava um papel importante. Exibia filmes. Promovia debates. Tinha portas abertas.

Na semana passada, conversei muito longamente com a professora Sandra Moura, que é candidata a presidente da API. A eleição será em julho.

Guardei uma coisa que ouvi dela: que a associação tinha parte significativa na formação da nossa consciência crítica.

É verdade.

Sandra disse tinha porque, com ela, isso se deu há uns 30 anos.

Eu também diria tinha porque, comigo, se deu há uns 40.

Mas perguntaria:

E hoje?

Ainda tem?

A Associação Paraibana de Imprensa serve mesmo para quê?

Que papel ela desempenha?

O que os rapazes e moças que estão saindo da universidade e entrando no mercado pensam sobre a API?

Que interesse têm nela?

Qual o perfil dos novos associados da entidade?

Soube que são muitos. Centenas. É verdade?

O que pode ser feito para que a API recupere muito do que foi perdido?

O que é preciso fazer para que a API se reinvente?

Já tive orgulho de ser da Associação Paraibana de Imprensa.

Faz tempo que não vou lá.

Fiquei muito decepcionado quando, em meados da década de 1990, Nonato Bandeira, que chegou à presidência se apresentando como o novo, agiu com Pedro Osmar, seu colega de diretoria, como agiria o mais reacionário dos reacionários.

Mas voltemos ao presente.

Enxerguei algumas luzes na conversa com Sandra Moura.

Fiz algumas sugestões a ela.

Não gosto da perpetuação no poder.

Prefiro a alternância.

A ideia da formação da nossa consciência crítica ficou na minha cabeça.

A API não pode ser só aquele velho prédio na Visconde de Pelotas.

Imagem

Silvio Osias

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