COTIDIANO
A ditadura militar vem de regiões profundas do ser do Brasil
Publicado em 28/05/2018 às 7:42 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43
Creio que a frase - mais ou menos assim - é de Caetano Veloso.
Era pronunciada no início dos anos 1990 durante os shows da turnê Circuladô.
A ditadura militar vem de regiões profundas do ser do Brasil.
Uma definição ontológica para a ditadura, me disse Jomard Muniz de Britto depois de ouvi-la.
A ditadura militar vem de regiões profundas do ser do Brasil.
Não sei se, cientificamente, ela se sustenta, mas gosto muito da frase.
O compartimento da minha memória onde ela está arquivada foi reaberto nos últimos dias.
A ditadura militar vem de regiões profundas do ser do Brasil.
Foi o que vimos nas rodovias bloqueadas, nas conversas com gente de esquerda e de direita e, sobretudo, nas redes sociais.
Uns defendem explicitamente a volta dos militares.
Outros temem, embora não queiram. Mas temem tanto que creem.
Alguns são psicopatas. Basta ver os vídeos e as mensagens de áudio. Não passariam num teste de sanidade mental.
Muitos estabelecem prazos e revelam estratégias. São expostos ao ridículo quando chega a hora da ação, e nada acontece. Felizmente.
No fundo, todos esses parecem confirmar a frase que não sai da minha memória.
A ditadura militar vem de regiões profundas do ser do Brasil.
Fiquemos com a democracia possível.
Frágil, precária. Mas a que temos.
Um governo impopular vive seus estertores.
Haverá eleições daqui a quatro meses.
Os eleitos nos representarão. Bem ou mal, nos representarão. Somos nós que vamos escolhê-los.
Os militares têm um papel constitucional a cumprir.
A ditadura militar vem de regiões profundas do ser do Brasil?
Pode ser que sim.
Que fique bem guardada. Como um desejo que não se tornará realidade outra vez.
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