COTIDIANO
Advogado revela: acusado instruiu testemunha
Suspeita do jurista é que a ligação tenha vindo de dentro de um presídio da capital.
Publicado em 18/06/2012 às 18:04
Na segunda audiência de instrução do caso de estupro coletivo e duas mortes em Queimadas, no Agreste paraibano, o advogado de acusação Félix Araújo revelou ao JPOnline detalhes dos depoimentos das testemunhas, que aconteceu na manhã desta segunda-feira (18). Segundo ele, uma das testemunhas de defesa dos acusados confessou ter recebido uma ligação dias antes da audiência de uma pessoa orientando-o sobre o que falar durante o interrogatório. A suspeita é que a ligação tenha vindo de dentro de um presídio da capital.
O advogado acredita que a ligação tenha sido feita por Eduardo dos Santos Pereira, acusado do duplo homicídio, que está detido no presídio ligado de dentro do presídio onde estão presos os sete acusados pelo crime, o Presídio de Segurança Máxima PB 1, em João Pessoa. A audiência está acontecendo desde as 9h30 desta segunda no Tribunal do Júri de Queimadas, cidade onde tudo aconteceu.
O advogado disse ainda que a acusação já tinha informações desta suposta ligação para esta testemunha. Ele não revelou quem teria recebido a ligação, mas afirmou que indagou em um dado momento do depoimento e o depoente confessou, mas não revelou quem teria ligado. "Supostamente foi mesmo o Eduardo, que teria ligado como forma de coagir, de comprometer o discurso da testemunha de acordo com a versão que ele quer dar ao processo, disse Félix.
Os sete acusados de participação no estupro coletivo estão depondo agora à tarde. A audiência havia sido interrompida para o almoço e recomeçou por volta das 13h30 com os depoimentos dos acusados. Pela manhã, doze testemunhas de defesa, amigos dos suspeitos, foram ouvidas. A juíza dispensou o depoimento de outras quatro pessoas. Os acusados não participaram da audiência do turno da manhã, eles ficaram separados em salas do fórum e os dois irmãos, Eduardo e Luciano, ficaram em uma casa vizinha. Tudo está acontecendo a portas fechadas sem nenhum acesso da imprensa.
Os acusados chegaram por volta das 9h desta segunda-feira (18) ao Fórum da cidade sob forte esquema de segurança com cerca de 50 policiais militares. Os sete foram trazidos da Penitenciária de Segurança Máxima PB 1, onde estão detidos. Na audiência serão avaliados laudos e provas das participações de cada acusado. Depois da qualificação dos réus, a juíza decide se os réus serão levados a júri popular ou não.
O advogado explicou que depois desta audiência a juíza deve estabelecer um prazo para que a defesa e a acusação apresentem as alegações finais. Ele disse que a sentença dos envolvidos não deve demorar mais do que 60 dias para ser proferida. Essa primeira sentença é para todos pelo crime de estupro, enquanto ainda haverá o julgamento pelo assassinato das duas jovens.
De acordo com o promotor de acusação Márcio Teixeira, todos os depoimentos estão sendo filmados para agilizar a captação das informações. Ele acredita que Eduardo, acusado de planejar a ação, será levado a júri popular enquanto os outros serão sentenciados pela juíza. O advogado Félix Araújo também acredita nesta hipótese. Ele disse que Eduardo deve ser julgado sozinho pelo crime de duplo homicídio. Se a juíza decidir mesmo pelo júri popular, os advogados de defesa ainda podem recorrer da decisão.
O advogado está certo de que as provas recolhidas comprovam todas as acusações. Na primeira audiência, que aconteceu no dia 4 de junho, em que as três mulheres que foram estupradas e os três adolescentes acusados de participar do crime foram ouvidos, a acusação apresentou um exame de balística durante a audiência a fim de provar a culpa dos acusados. "Todas as acusações do Ministério Público têm material suficiente para provar a veracidade da denúncia", concluiu.
Acusação
Os irmãos teriam simulado a chegada de assaltantes na casa e usado máscaras e capuzes para não serem reconhecidos. Duas das vítimas teriam conseguido ver as pessoas que as violentavam e por isso foram tiradas da casa e executadas.Conforme as investigações da Polícia Civil e a denúncia feita pelo Ministério Público da Paraíba, cinco mulheres foram estupradas e duas delas assassinadas durante uma festa. Para a polícia, os estupros teriam sido planejado pelos irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira, que teriam convidado amigos para abusar sexualmente de mulheres convidadas de uma festa promovida por eles.
Os dez rapazes estão sendo acusados por estupro, cárcere privado, lesão corporal, formação de quadrilha. Eduardo, no entanto, está sendo acusado isoladamente também por duplo homicídio e posse ilegal de arma.
Os adolescentes podem passar até três anos internados no Lar do Garoto, em Lagoa Seca, mas a cada seis meses poderão ser reavaliados. Dependendo do comportamento dos menores de idade, o tempo de internação pode ser reduzido.
O crime
No dia 12 de fevereiro de 2012 duas mulheres foram assassinadas na cidade de Queimadas, no Agreste da Paraiba. Segundo a Polícia Militar, elas estariam em uma festa de aniversário em uma casa com dez homens e outras três mulheres. Os homens são acusados de estuprar as cinco e matar duas delas. As mortes teriam acontecido porque as vítimas reconheceram os criminosos. Uma delas foi morta com quatro tiros em uma rua central da cidade e a outra foi assassinada com três tiros na estrada para Campina Grande.
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