COTIDIANO
Área gastronômica é vista como uma das mais promissoras atualmente
Publicado em 16/06/2014 às 16:00
Em meio a temperos e sabores, cada vez mais, os paraibanos têm descoberto o prazer em trabalhar na área gastronômica. Com a recente abertura dos cursos superiores em duas universidades do estado, profisisonais têm se formado na área respondendo a uma urgência de mão de obra do mercado, causada pelo crescimento do turismo na região. Com diversas possibilidades de atuação, os cursos reunem gente das mais variadas idades.
Embora muitas pessoas façam o curso pensando em, no futuro, virarem chefes de cozinha, ao darem início aos estudos, se deparam com um leque muito maior de opções a serem trilhadas. "O curso superior não forma o aluno só em habilidades técnicas. Ele não vem apenas para aprender a cozinhar. Além das disciplinas técnicas, os alunos estudam também disciplinas como sustentabilidade, gestão de pessoas e gestão de marketing", explica a coordenadora do curso da FPB, Ester Carvalho.
Segundo ela, isso é feito para dar ao aluno uma visão ampla do mercado gastronômico. Uma pessoa formada em Gastronomia, por exemplo, pode ser contratado para fazer a consultoria de novos bares e restaurantes ou, ainda, para modificar cardápios, treinar funcionários e prestar assessoria técnica. "Além disso, o tempo todo, os alunos são incentivados a fazerem leituras e aprofundar seus conhecimentos teóricos na área", complementa.
Uma coisa que o aluno do curso deve ter em mente, também, é que, mesmo se seu interesse seja, de fato, ser um chef de cozinha, isso não é algo que vai acontecer do dia para a noite. "Para você ser um chef de cozinha, além do conteúdo, você tem que ter, também, um certo tempo de prática. Um chef de cozinha é uma pessoa que é excelente em sua especialidade, mas, que, também, com o tempo, desenvolveu um perfil de liderança", explica Ester.
Outro detalhe que muitas vezes não é de conhecimento dos que escolhem fazer o curso de Gastronomia é que os cálculos e os números vão, com frequência, fazer parte do seu dia a dia. "Para fazer um pão, você precisa saber matemática. Além, também, de que uma coisa é você fazer um jantar para 10 pessoas, outra coisa é fazer para 200", relata a coordenadora. Isso, no entanto, não é algo que deva assustar os futuros gastrônomos. A matemática empregada é simplesmente aquela que é aprendida no Ensino Médio.
Curso amplia conhecimento também na área de gestão
Para o gastrônomo Joellysson Lins, o curso foi a oportunidade que ele estava esperando para se especializar no assunto. Filho de donos de um restaurante no Bairro das Indústrias, o Zecas Bar e Restaurante, Joellysson desde cedo se encanta com o mundo dos temperos e sabores. "Eu sempre tive interesse. Adquiri o prazer pela cozinha à medida em que fui crescendo, vendo os meus pais trabalhando", afirma.
Quando o curso abriu na Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), o primeiro a existir na Paraíba, ele não pensou duas vezes: "Antes, só tinha em Recife e em Natal. Assim que abriu aqui, resolvi fazer", conta. E sua experiência não poderia ter sido melhor. Segundo ele, o curso foi além de suas expectativas. "O curso dá um conhecimento bastante amplo. Não é só a parte de cozinha. Ele engloba conhecimentos sobre higiene, gestão, e, também, confeitaria, cozinha mundial, panificação", explica.
Outras pessoas, no entanto, não trilharam um caminho tão fácil quanto o de Joellysson quando resolveram se dedicar ao mundo da gastronomia. Isso, por dois motivos: tanto porque precisaram passar por outras experiências para, só depois, decidirem que o que queriam era, de fato, a Gastronomia, e, também, porque muitos deles não receberam o apoio dos pais.
Esse é o caso, por exemplo, do estudante André Nascimento. Atualmente cursando Gastronomia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), antes disso, ele já havia iniciado seus estudos no curso de Ciências Biológicas, também na UFPB. "O curso não era o que eu esperava. Não era dinâmico, uma coisa que faz toda a diferença pra mim. Fui encontrar isso somente no curso de Gastronomia", relata.
Antes de dar início ao curso superior, no entanto, ele fez um curso de cozinha com a chef Fátima Lima e foi aí, então, que despertou de vez o interesse para a área. "Eu sempre gostei de ir para cozinha para fazer lanches para mim e para meus amigos, mas só depois de algum tempo e, também, do curso de cozinha que fiz, passei a ver isso como algo além de um simples hobby e passou a ser, para mim, uma oportunidade profissional", conta.
Além de todo esse percurso para, enfim, se dedicar à área gastronômica, ele ainda contou com outro obstáculo: acontece que seus pais, a princípio, não viram com bons olhos a sua escolha. "Eles não colocavam fé no fato de que eu fizese vestibular para Gastronomia. Principalmente meu pai, que ainda é daquele tempo em que ou o filho faz vestibular para Medicina ou para Direito", lembra.
Decidido a fazer o curso, porém, continuou perseverante na sua decisão e, hoje, já conta com o apoio de alguns familiares, e já começa a fazer planos para o futuro, visando a área. "Pretendo fazer intercâmbio ou especialização fora, mas ainda não tenho muita ideia de onde ou em que área. "Quero adquirir o máximo de conhecimento que eu tiver oportunidade de obter antes de decidir me fixar em um só lugar", relata.
Setor é um dos que mais crescem
Com o desenvolvimento da economia paraibana, o setor de bares e restaurantes tem se tornado aquecido em todo o Estado, o que faz com que haja uma crescente demanda de mão de obra no setor. De acordo com dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurante da Paraíba (Abrasel-PB), em 2013, o setor registrou um crescimento de 10% se comparado ao ano de 2012 e a expectativa é de que em 2014 esses números sejam superados, tendo em vista o fluxo de turistas e a realização de grandes eventos no estado e no país.
"Os bairros que já eram atrativos ficaram ainda mais interessantes para investimentos dos empresários do setor, o que beneficiou também os consumidores, já que há mais opções e diversidade de estabelecimentos gastronômicos. A tendência é que o segmento se desenvolva ainda mais, e novos bares, restaurantes e lanchonetes sejam inaugurados nos próximos meses e anos", explica o presidente da Abrasel, Marcos Mozzini.
Segundo ele, alguns dos principais fatores que estão impulsionando o setor são a elevação do poder de compra das classes C e D, melhoria dos salários dos trabalhadores domésticos e a falta de tempo/mobilidade para as pessoa se deslocarem para fazer as suas refeições em casa. "Tanto em João Pessoa, como em outras cidades do estado, a tendência é que a cada ano o setor de bares e restaurantes cresça, tendo em vista a demanda local, mas também o fluxo de turistas", opina.
Para a coordenadora do curso de gastronomia do FPB, esse é o motivo pelo qual o curso de Gastronomia da Faculdade é tecnólogo. Os cursos tecnólogos, de menor duração do que os de licenciatura e de bacharelado, são voltados para o mercado de trabalho que tem urgência de mão-de-obra, como é o caso da área de gastronomia. "O mercado na Paraíba tem crescido muito nos últimos anos. Isso se deve, principalmente, por conta do fluxo turístico da cidade. O turista que vem, ele quer serviços como bares e restaurantes de qualidade", opina a coordenadora.
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