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COTIDIANO

Bandidos do RJ estudaram família alvo de sequestro, revela GOE

Sequestradores fizeram 5 reféns no apartamento de Herbert Maia. Eles confessaram à Polícia que alvo era o empresário e que vinham estudando rotina das vítimas.

Publicado em 31/03/2010 às 10:30

Karoline Zilah
Com informações de Inaê Teles
Fotos de Felipe Gesteira e Maurício Melo

A rotina da família do empresário Herbert Maia, diretor da Construtora Hema, em João Pessoa, foi detalhadamente estudada por, no mínimo, 10 dias para que uma tentativa de assalto seguida de sequestro pudesse ser aplicada na noite da terça-feira (30). Foi o que declarou Wagner Dorta, delegado do Grupo de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil.

Veja flagras no momento do sequestro em Cabo Branco.

Ele interrogou os dois criminosos que mantiveram reféns por sete horas seguidas quatro pessoas da família do construtor civil e uma empregada doméstica, em um apartamento na orla de Cabo Branco. O delegado conversou com o Paraíba1 na manhã desta quarta (31) e explicou o 'modus operandi' utilizado por Leandro Carvalho Leite e Francis Prado Figueiredo de Lyra, ambos de 34 anos.

Segundo ele, os dois homens são foragidos da Justiça do Rio de Janeiro, altamente especializados em assaltos a bancos e sequestros. Eles teriam contado com o apoio de uma ramificação de sua quadrilha na Paraíba. Um deles, Leandro fugiu do presídio Bangu I, onde cumpriu pena durante 13 anos. Os dois provavelmente chegaram ao Estado de avião e passaram a estudar a rotina de Herbert Maia e de seus familiares. O delegado disse que os criminosos confessaram tudo.

Como eles conhecem ricamente os detalhes da vida das vítimas, Wagner Dorta ponderou que ou a dupla estava na Paraíba há mais tempo (os acusados dizem que estavam há apenas dois dias), ou uma quadrilha repassou todas as informações.

Porém, os acusados seriam tão “profissionais” que se recusam a entregar os nomes dos demais envolvidos. A polícia suspeita que os nomes informados pelos detidos não sejam verdadeiros, por isso será feita uma investigação mais aprofundada acerca de suas identidades.

Prisão na Paraíba

Leandro e Francis se entregaram após 7 horas de negociação com o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar. Eles passaram a noite da Secretaria de Segurança Pública, em João Pessoa, e de manhã foram interrogados no escritório do GOE. De lá, foram enviados ao Instituto Médico Legal (IML) para serem submetidos a exames de corpo de delito e, em seguida, foram transferidos para o Presídio do Roger, onde permanecerão presos à espera de uma decisão da Justiça.

Ainda não é certo se eles responderão pelos crimes que cometeram na Paraíba ou se serão recambiados para o Rio de Janeiro. Os presos foram autuados em flagrante por: extorsão mediante sequestro, podendo ser condenados de 12 a 20 anos de prisão; porte ilegal de arma (pistolas e fuzis); e tentativa de homicídio, por terem ferido a tiros um soldado da Polícia Militar.

Atuação em Maceió

A Polícia Civil de Maceió procurou a Paraíba com a suspeita de que Leandro Carvalho teria participado de um grande sequestro ocorrido lá na semana passada. Ele foi identificado por uma tatuagem que possui na mão.

Como tudo começou

De acordo com o GOE, Leandro e Francis relataram em depoimento que sabiam tudo sobre as tarefas diárias de Elizete Maia, esposa do empresário Herbert Maia (na foto abaixo) que era o alvo da operação criminosa. Eles teriam acompanhado as idas e vindas da mulher, que ia buscar as netas na escola, e sabiam, inclusive, a idade de cada neta. “São coisas que em apenas dois dias eles não conseguiriam saber”, comentou o delegado Wagner Dorta.

Pouco antes das 19h da quarta-feira, eles resolveram abordar Elizete, que saía sozinha de uma padaria no bairro de Manaíra. Os bandidos estavam a pé. Eles entraram no carro da vítima e seguiram para o apartamento da família no edifício residencial Varandas do Atlântico, na avenida Cabo Branco. Lá, fizeram reféns mais três jovens e uma empregada grávida.

Durante a ação, eles teriam abusado da pressão psicológica para impressionar as vítimas. Eles alternavam momentos de violência com “encenações dramáticas”. Diziam, por exemplo, que poderiam ter matado os policiais militares se tivessem mais fuzis. Também quiseram aterrorizar falando que eram profissionais do crime. Eles chegaram também, segundo o delegado, a colocar armas nas bocas fingindo que iriam se matar, para que as vítimas sentissem compaixão.

O porteiro do prédio foi quem percebeu a ação estranha e acionou o empresário e a Polícia. A troca de tiros com a polícia aconteceu no momento em que Leandro e Francis tentavam fugir com uma das reféns, uma menina de 12 anos, ainda quando o primeiro grupo de policiais chegava ao prédio. Eles se encontraram e se enfrentaram na escada de emergência do residencial, o que deixou um PM ferido.

Vítimas

Após serem libertadas, as vítimas foram atendidas pelo Samu prestaram depoimento ao GOE. O empresário, que não foi feito refém, disse que não recebeu ameaças dos criminosos anteriormente. O alvo seria ele e o dinheiro que pudesse existir dentro da residência.

A identidade dos reféns foi preservada pela polícia, não sendo divulgada oficialmente por motivos de proteção.

Imagem

Jornal da Paraíba

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