COTIDIANO
Bolsonaro é que não vai me fazer deixar de ouvir Djavan!
Publicado em 07/01/2019 às 9:05 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:36
Djavan, porra!
Li no Face ainda nas primeiras horas do novo ano.
A pergunta óbvia:
O que houve com Djavan?
Morreu?
Disse o que não devia dizer?
A resposta:
Estava sendo execrado por muitos fãs por causa de uma declaração.
O compositor afirmara numa entrevista que estava otimista com o futuro do Brasil.
A tradução açodada: se convertera ao bolsonarismo.
As reações:
Nunca mais ouço Djavan!
Nunca mais canto Djavan!
Nunca mais defendo Djavan quando disserem que as letras dele não fazem o menor sentido!
Como jornalista que sou, procurei o motivo da confusão.
A conclusão:
As reações me soaram desproporcionais à fala do músico, exageradas. Mesmo assim, horas depois, ele divulgou uma nota se explicando.
*****
Nas últimas semanas, tenho ouvido muito Vesúvio, o novo CD de Djavan. Está na minha lista dos melhores discos de 2018. É daqueles trabalhos que arrebatam à primeira audição e que não têm nenhuma faixa dispensável.
Djavan vai fazer 70 anos. Vesúvio traz, a um só tempo, as marcas da trajetória longa e um certo frescor difícil de encontrar em artistas com a sua idade. Tem a assinatura inconfundível desse grande cara que está em cena na MPB desde meados da década de 1970.
A beleza da voz. A fluência melódica. As harmonias refinadas e certeiras. A poesia muito singular.
O melhor Djavan - é o que há em Vesúvio.
*****
Djavan não é Lobão.
A sua fala sobre o futuro do Brasil não é necessariamente bolsonarista, ainda que muitos a queiram assim.
Bolsonaro é que não vai me fazer deixar de ouvir Djavan!
Comentários