COTIDIANO
Bolsonaro é um homem sincero. Eis a grande tragédia nacional
Publicado em 08/04/2019 às 7:29 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:35
O presidente Jair Bolsonaro é um homem sincero.
Sempre achei que ele, comumente, fala a verdade.
Diz o que pensa. Sem traquejo. Sem reflexão. Sem pensar no que está dizendo.
Lembro de um vídeo dele, bem mais jovem, defendendo a tortura num programa de televisão.
É isso mesmo. Ele defende a tortura. Ele tem Ustra como um herói nacional.
Já vimos Bolsonaro em falas completamente inaceitáveis.
Racismo. Machismo. Homofobia.
Tudo isso já vimos em Bolsonaro.
Ataques às instituições, à liberdade de imprensa, à Constituição. Também já vimos.
Ninguém falou por ele. Ninguém inventou nada. Ninguém colocou palavras na sua boca.
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Quarta-feira que vem (10), o governo alcança a marca dos 100 dias.
É uma marca simbólica, muito usada.
Os governantes (prefeitos, governadores, presidentes) comemoram 100 dias.
Pensemos nos 100 dias de Bolsonaro.
As coisas estão indo bem?
Estão dando certo?
As primeiras promessas estão sendo cumpridas?
A equipe é boa?
O diálogo com o parlamento é produtivo?
O desemprego está diminuindo?
A popularidade continua em alta?
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Bolsonaro admitiu que está com um abacaxi nas mãos.
O abacaxi é governar o Brasil.
O abacaxi é ser presidente da República.
Foi mais longe.
Bolsonaro disse que não nasceu para ser presidente. Nasceu para ser militar.
É uma confissão gravíssima para um homem que, há pouco mais de cinco meses, foi eleito presidente com 58 milhões de votos dos brasileiros.
É uma confissão gravíssima para um homem que governa o Brasil há pouco mais de três meses.
O problema é que, num tempo em que tudo é banalizado, não é dada a uma fala como esta a dimensão que ela de fato tem.
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O presidente Jair Bolsonaro é um homem sincero.
Ele disse a verdade.
Bolsonaro não nasceu para ser presidente.
Esta é que é a grande tragédia nacional.
O pior dele ainda não me surpreenderá.
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