COTIDIANO
BOSSA NOVA 60: Influência do jazz
Publicado em 05/07/2018 às 7:56 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43
Os críticos da Bossa Nova, muito por causa do sucesso obtido nos Estados Unidos, costumam apontar a influência do jazz como um dos defeitos da bossa.
Alguns identificam nas canções de Tom Jobim características que remetem a compositores eruditos da Europa (de Chopin a Debussy) e as consideram negativas.
Há também os que a rejeitam porque ela teria nascido em reuniões nos apartamentos da Zona Sul do Rio de Janeiro e, por esta razão, seria uma música fútil e distante da realidade brasileira.
Uma série de teses que atentam contra o bom senso, mas que exibem uma impressionante capacidade de sobrevivência num país em que é mais fácil reconhecer os méritos de Garrincha do que os de Pelé.
60 anos já se passaram, e elas continuam vivas. E é a elas que comumente recorrem os que querem detratar algo que figura entre o que o Brasil produziu de melhor.
Pixinguinha, cuja brasilidade ninguém mais questiona, era criticado na década de 1920 por ser jazzista. Antes de ganhar a letra de Braguinha, o tema instrumental Carinhoso foi considerado jazzístico.
No caso da Bossa Nova, existe, sim, influência da música dos negros americanos, menos em Jobim e em João Gilberto do que nos grupos que difundiram entre nós o chamado samba-jazz. Mas é necessário lembrar que a inserção da bossa nos Estados Unidos foi tão marcante que não há como negar que esta também influenciou o jazz.
A presença dos eruditos europeus na obra de Tom é verdadeira, mas não é maior do que a de Villa-Lobos e seu imenso amor pelas coisas do brasil.
A Bossa Nova não pode ser diminuída pela influência do jazz, nem pelos eruditos que Jobim estudou ao piano. Muito menos pelos encontros nos apartamentos da Zona Sul.
ESTE TEXTO FAZ PARTE DE UMA SÉRIE SOBRE OS 60 ANOS DA BOSSA NOVA.
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