COTIDIANO
BOSSA NOVA 60: Só danço samba
Publicado em 11/07/2018 às 6:25 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:38
O samba tem muitas facetas. Há o samba de roda da Bahia, o samba-enredo das escolas do Rio de Janeiro, o samba-choro, o samba-canção, o samba de breque, o samba-exaltação, o samba paulistano de Adoniran Barbosa. Eles são diferentes, têm características próprias, mas não deixam de ser samba.
A Bossa Nova, antes de qualquer outra coisa, é samba. E de beira de praia, como diz Chico Buarque.
Se tomarmos como parâmetro os três primeiros discos de João Gilberto para a Odeon, o que vamos encontrar neles é o samba acrescido de outros elementos - harmônicos, rítmicos, poéticos. Uma batida absolutamente original ao violão (e isto até José Ramos Tinhorão, crítico rigoroso do movimento, reconheceu), arranjos de orquestra que não eram comuns antes da Bossa, um jeito intimista de cantar.
Dados que se incorporaram ao samba e o redimensionaram, fazendo nascer, então, o samba Bossa Nova.
Os bossanovistas produziram uma versão refinadíssima do samba, o mais popular dos nossos gêneros musicais. A Bossa Nova revelou em João Gilberto um intérprete perfeccionista, que influenciou cantores e violonistas no mundo inteiro e consolidou a carreira de Tom Jobim, que, sem qualquer favor, é frequentemente citado como um dos maiores compositores populares do século XX. Já Vinícius de Moraes escreveu letras que o colocam entre os grandes do nosso cancioneiro.
E há uma extensa lista de figuras que se notabilizaram a partir da Bossa. Ou apareceram depois, fazendo um tipo de trabalho que só foi possível por causa da invenção contida em dois sambas de Tom: Chega de Saudade e Desafinado.
ESTE TEXTO FAZ PARTE DE UMA SÉRIE SOBRE OS 60 ANOS DA BOSSA NOVA.
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