COTIDIANO
Caetano Veloso, a amizade e o comunismo de Vladimir Carvalho
Publicado em 08/06/2017 às 5:33 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:44
Caetano Veloso.
Vladimir Carvalho.
Comunismo.
Aproveito a presença de Vladimir em João Pessoa para contar a história de uma amizade iniciada 55 anos atrás.
Muitos talvez não a conheçam.
1962. Aos 27 anos, Vladimir Carvalho largou tudo na Paraíba (o cinema que começava a realizar, a crítica de cinema que fazia) e se mandou para a Bahia.
Foi cursar Filosofia em Salvador. A Universidade da Bahia ainda tinha as marcas do grande reitorado de Edgar Santos.
Na sala de aula, conheceu um rapaz franzino que tinha 20 anos e estava dividido entre o cinema e a música. Publicava críticas nos jornais, queria ser cineasta ou compositor popular.
Vira em Godard seu primeiro filtro pop, e João Gilberto mudara a sua cabeça.
Vinha de Santo Amaro, no Recôncavo. Chamava-se Caetano Veloso.
O pai lhe ensinou que pior do que um comunista era um anticomunista.
Vladimir era comunista, mas convidava os colegas para os shows de rock de um garoto chamado Raulzito. Mais tarde, misturava Lênin com Roberto Carlos quando falava da Jovem Guarda.
A amizade entre os dois nasceu guiada pelo amor ao cinema. E atravessou o tempo, apesar das distâncias.
Vladimir sempre se refere a Caetano de maneira muito afetuosa quando conta histórias da sua passagem pela Bahia no início dos anos 1960:
Me lembro que ainda nos bancos da universidade ele recitava de memória todo o texto do Hiroshima, Mon Amour, sorvendo com prazer as palavras.
Uma lembrança de Caetano:
Eu o adoro. Eu o adorava na faculdade e continuei adorando na memória e nos raros encontros posteriores.
Vladimir nunca se afastou da militância comunista.
Caetano, que compôs uma canção corajosa sobre Marighella, sempre esteve à esquerda da esquerda.
Nos 70 anos de Vladimir, Caetano prestou uma bela homenagem ao amigo documentarista.
Transcrevo:
Vladimir Carvalho é um amigo que eu via muito no tempo da universidade e vejo pouco hoje em dia. No entanto, quando penso nele penso num amigo constante. Há pessoas que parecem engrandecer-se por aderirem à luta pela justiça social. Vladimir é o tipo do sujeito que engrandece esses ideais, com sua adesão. E isso pode-se sentir em sua convivência, em sua conversa e em seus filmes.
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