COTIDIANO
Caos no sistema: fuga, incêndio e confusão em presídios da Paraíba
Em Campina houve incêndio e 200 presos foram dormir em casa. Na noite deste domingo, cadeia de Areia registrou fuga de quatro presos e no Roger houve confusão.
Publicado em 03/05/2010 às 9:50
Da Redação
Fuga, rebelião, incêndio e tentativa de fuga foram as ocorrências registradas em penitenciária, cadeia pública e casa de albergados na Paraíba durante este fim de semana. Diante dos fatos, o secretário de Cidadania e Administração Penitenciária do Estado, Carlos Mangueira, reconheceu que a estrutura prisional vive em condição de miséria decorrente de uma crise orçamentária.
A última ocorrência registrada foi na Cadeia Pública de Areia, Brejo paraibano, quatro detentos conseguiram fugir pela porta da frente neste domingo (2). Eles serraram o ferrolho da grade durante o período de visita. O único policial da cadeia estava vigiando um muro que caiu a quase um ano durante o período de chuva e até o momento não foi consertado. Somente um agente penitenciário estava realizando as revistas nos visitantes no momento da fuga.
De acordo com o diretor da Cadeia, Antônio Fernandes Damião dos Santos, o muro caído teria, de certa forma, facilitado a ação dos detentos. “Tivemos que colocar o policial para vigiar a cerca de arame improvisada colocada no local do muro. O Estado disse que vai consertar e até agora nada. Isso já vai fazer um ano”, explicou o diretor.
Os detentos que fugiram eram todos do regime fechado e um deles estava preso por roubar o prefeito de Areia. Ivan Silvino de Sousa; José Adriano dos Santos Sousa por agressão contra a própria mulher; Edmilson de Brito, conhecido por Menininho estava detido por roubo e assalto a mão armada e Carlos Roberto dos Santos Silva, conhecido por Ká que cumpria pena por roubo, assalto a mão armada e outros delitos.
Carlos Roberto já teria roubado até o prefeito de Areia no mês passado. Ele estava no regime semiaberto cumprindo pena por roubo. No semiaberto os albergados saem da penitenciária pela manhã e retornam à noite. Foi durante esse período fora da cadeia que Carlos roubou o veículo do prefeito de Areia.
A Cadeia Pública de Areia abriga 41 detentos dos regimes fechado e semiaberto. Ela compreende uma área de pouco mais de 200 metros quadrados. Após a fuga o diretor da cadeia informou que chegou nesta segunda-feira (3) material para a reforma do muro.
Resposta do Estado
Miséria. É desta forma que o secretário estadual de Cidadania e Administração Penitenciária (Secap), Carlos Mangueira, descreve a situação em que as cadeias públicas estavam antes da nova gestão do Governo do Estado assumir. “Todas as cadeias públicas ficaram praticamente abandonadas por mais de sete anos durante”, explicou.
O secretário afirmou que, mesmo dentro destas dificuldades, conseguiu fazer um projeto e o Governo ficou de incluir nas obras previstas pelo novo empréstimo no BNDES.
Carlos Mangueira, concluiu dizendo que vai reforçar a segurança da Cadeia Pública de Areia e que os detentos mais perigoso serão transferidos para João Pessoa e Campina Grande.
Em João Pessoa
Também neste domingo (2) os detentos do presídio do Roger tentaram realizar uma rebelião na penitenciária. De acordo coma direção o que teria motivado a confusão foi um detento que estava passando mal em uma das celas.
Irênio Pimentel, diretor da penitenciária, explicou que detento teve problemas respiratórios e os demais presos começaram a clamar por ajuda. “Eles bateram nas grades de forma exagerada e terminou causando tumulto no ambiente, o Choque chegou a ir até o presídio, mas tudo já foi controlado”, explicou.
Mas o secretário de Cidadania e Administração Penitenciária do Estado, Carlos Mangueira, informou que o tumulto aconteceu porque os detentos estão com medo de uma prática não autorizada pelos policiais militares que “raptam” os detentos na calada da noite.
Em Campina Grande
Uma rebelião na Casa de Albergue, no bairro do Catolé em Campina Grande, terminou com um incêndio e detentos feridos na noite da sexta-feira (30) . Os 200 presidiários do regime semiaberto ganharam o direito de dormir em casa porque as instalações ficaram destruídas.
A confusão teve início quando a diretoria iniciou uma vistoria determinada pela Justiça em busca de armas e drogas. O tenente-coronel Marcos Marconi, comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, disse que os presos são os responsáveis pelo incêndio. Já os detentos afirmaram à reportagem da TV Paraíba que os policiais causaram as chamas ao lançar bombas para conter os ânimos.
Dois presos ficaram feridos durante o incêndio. Um deles, Paulo Roberto de Sousa, continua internado no Hospital Regional de Campina Grande. Ele sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus em várias partes do corpo, mas apresenta estado de saúde regular.
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