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COTIDIANO

Carla Cepollina diz que estudou até telefonia para auxiliar defesa

Na semana passada, o 1º Tribunal do Júri de São Paulo anunciou que ela não irá a júri popular pela acusação.

Publicado em 06/10/2008 às 16:19

Do G1

A advogada Carla Cepollina estudou tudo sobre direito penal, exame residuográfico e até telefonia para ajudar em sua defesa durante os dois anos do processo em que era acusada da morte do coronel Ubiratan Guimarães, ocorrida em setembro de 2006. Na semana passada, o 1º Tribunal do Júri de São Paulo anunciou que ela não irá a júri popular pela acusação.

“Estudei as provas, sobre manchas, telefonia, você não tem idéia do que eu fiz. Eu estou craque em direito penal porque eu sou uma pessoa muito curiosa e estudiosa. Você tem que entender o que está acontecendo com a sua vida”, afirmou a advogada em entrevista ao G1. “Sei tudo de ERB [estação radiobase], de manchas e de exame residuográfico”, disse. A acusação usou dados de uma ERB para tentar colocar Carla na cena do crime.

Com a decisão do juiz, ela espera que a vida volte ao normal. “Consegui recuperar minha honra e meu nome”, comemora. A advogada não sabe ainda se retomará a profissão. “Eu vou esperar esse furacão passar, depois eu vou ver o que vou fazer da minha vida. Vamos esperar com pouco de calma, absorver isso, foi uma coisa muito grandiosa e mais para frente vamos ver”, disse.

Durante esses dois anos, ela fez apenas pequenos trabalhos. “Eu fiz algumas traduções, dei aulas particulares, fiz alguns casos para amigos de coisas fáceis, mas você fica com isso entalado na garganta, quer se livrar. Mas eu sabia que a justiça ia ser feita, eu acredito nisso.”

O caso

O Ministério Público denunciou Carla Cepollina por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima). A Promotoria alegava que a advogada agiu por vingança, porque Ubiratan teria decidido terminar o relacionamento de dois anos.

O juiz entendeu, no entanto, que ela deveria ser impronunciada. Na decisão, ele diz que “o indício de autoria tem de ser suficiente, ou seja, a prova deve demonstrar de forma razoável que há grande possibilidade de o réu ser o autor do crime, de modo que, não estando presente um dos requisitos para a pronúncia, é imperativa a impronúncia”. O processo acabou arquivado.

O promotor responsável pelo caso, João Carlos Calsavara, informou que irá recorrer da decisão porque acredita que há elementos para que Carla vá a júri popular. "Fiquei estupefato, porque não era a decisão que eu esperava", afirmou o promotor. Isso não surpreendeu a advogada. “Isso faz parte, é normal, não é nenhuma novidade.”

O coronel foi morto no dia 9 de setembro de 2006 no apartamento onde morava na região dos Jardins. Conhecido por ter comandado a operação que terminou, em 1992, com a morte de 111 presos no Carandiru, Ubiratan morreu com um tiro no abdome disparado por uma de suas sete armas. A advogada mantinha na época um relacionamento amoroso com Ubiratan.

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Jornal da Paraíba

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