COTIDIANO
Casa antiterremoto criada por brasileiros é apresentada em fórum mundial
Sessão especial vai debater reconstrução do Haiti. Projeto tem objetivo de construir casa de baixo custo para exportação.
Publicado em 22/03/2010 às 16:12
Do G1
Um dos destaques da 5ª edição do Fórum Urbano Mundial, que acontece no Rio de Janeiro, é o debate sobre a reconstrução do Haiti, país devastado por um terremoto em janeiro deste ano. Nesta terça-feira (23), será apresentado, em uma sessão especial, um projeto de casas populares inteligentes, pré-fabricadas, com sistema antiterremoto e antifuracão, além de luminárias com baixo consumo energético.
De acordo com Robson Oliveira, presidente do Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Eubra), o projeto, denominado "Home4Haiti", foi criado por arquitetos e designers brasileiros do Norte e do Nordeste do país, com apoio de profissionais italianos. O objetivo é pré-fabricar, no Brasil, casas resistentes a desastres como o que assolou a ilha caribenha, para que sejam exportadas.
A ideia é utilizar a madeira descartada em indústrias e serrarias no Norte e no Nordeste, que normalmente são usadas para produzir carvão de uso doméstico.
“A gente quer ensinar eles a utilizar sobras de escombros para construir móveis“, afirmou Oliveira.
Desenvolvimento sustentável
As luminárias podem ser alimentadas por energias solar e eólica, e proporcionam 70% de economia no consumo energético. O projeto utiliza o chamado Sistema Amortecedor de Movimentos Baseados em Abalos Sísmicos (SAMBA), inspirado na Muralha da China e que aproveita tijolos de solo-cimento no local de destino das casas, além de utilizar restos de pneus usados para a amortização dos abalos.
A estimativa de custo de cada casa popular de 50 metros quadrados é de aproximadamente R$ 14 mil (pré-fabricada, sem a montagem e sem transporte).
Segundo pesquisa realizada pelo Eubra, 3,5 milhões de m³ é o volume de madeira subaproveitada da indústria madeireira da região Norte e Nordeste, que é queimada anualmente para produzir carvão para uso doméstico e para pequenas indústrias e restaurantes.
“Esta madeira poderia produzir milhões de peças de mobiliário ", disse Oliveira.
Fórum tem recorde de público
O 5º Fórum Urbano Mundial (FUM5) tem como objetivo discutir o rápido crescimento das cidades. De acordo com os organizadores, este ano o número de participantes bateu recorde: 21 mil pessoas, de mais de cem países, se inscreveram para participar do evento, que segue até a próxima sexta-feira (26), no Píer Mauá, Zona Portuária do Rio.
Nesta manhã, centenas de participantes, de diversas nacionalidades, participaram da abertura do evento, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Essa é a primeira vez que o fórum acontece na América Latina. O tema este ano é “O Direito à Cidade: Unindo o Urbano Dividido”. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), organizadora do fórum mundial, mais da metade da humanidade hoje vive em cidades.
Para Flora Otiente, integrante da ONU no Kenya, o fórum tem ficado cada vez maior porque as pessoas estão mais preocupadas com as consequências da rápida urbanização. "Temos muita coisa para discutir, são muitos problemas diferentes em cada região. Para mim, o mais importante é resolver a questão das favelas".
Autoridades internacionais
Entre as autoridades internacionais estão o presidente de Uganda, Yoweri Museveni; o primeiro-ministro do Bahrein, Xeque Khalifa;o primeiro-minstro do Líbano, Saad Hairiri; o vice-presidente das Filipinas, Noli de Castro; e o secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos, Shaun Donova.
Até a próxima sexta-feira (26), palestras, debates e mesas redondas terão a presença de estudiosos brasileiros e internacionais, para discutir o impacto que a urbanização provoca na sociedade, na economia, nas mudanças climáticas e na política.
227 milhões deixaram de ser faveladas, diz ONU
Na sexta-feira (19), a ONU divulgou, no Rio, um documento com dados sobre a situação das cidades no mundo.
De acordo com o relatório “Estado das Cidades do Mundo 2010/2011: unindo o urbano dividido” , 227 milhões de pessoas em todo o mundo deixaram as favelas na última década. O documento afirma que o Brasil conseguiu reduzir sua população favelizada em 16% desde 2000. Cerca de 10,4 milhões de pessoas melhoraram as condições de vida nesses 10 anos.
Segundo o documento, há quatro pontos, avaliados pela ONU, para classificar um indivíduo como favelado: água potável, saneamento básico, a qualidade da moradia e a densidade de habitantes por metro quadrado.
A redução na favelização no Brasil é atribuída, entre outros fatores, a políticas que aumentaram a renda dos mais pobres, redução do crescimento populacional e programas de urbanização.
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