COTIDIANO
Caso Aryane: cena do crime foi criada e não houve violência sexual
Delegada Iumara Gomes revela detalhes das investigações com exclusividade ao Paraíba1. Mesmo sem concluir inquérito, ela adianta que cena do crime teria sido premeditada.
Publicado em 30/04/2010 às 12:50
Karoline Zilah
Em entrevista exclusiva ao Paraíba1, a delegada Iumara Gomes revelou que está montando um quebra-cabeças a partir de informações importantes que funcionam como peças para esclarecer a noite em que Aryane Thays Carneiro de Azevedo foi assassinada, em João Pessoa. O inquérito ainda não foi finalizado, mas, com base em resultados preliminares das perícias, a delegada adiantou ao portal que a cena do crime foi premeditada e que a jovem não sofreu violência sexual na noite em que morreu.
Ela também disse ter provas de que a última pessoa com quem Aryane se comunicou por celular foi o estudante de Direito Luís Paes Neto, suspeito que está preso preventivamente e de quem a vítima estava grávida.
Com relação ao cenário em que o corpo de Aryane foi encontrado, às margens da BR-230, à primeira vista tudo levava a crer que a jovem teria sido estuprada. Ela estava seminua, sem camisa e sutiã, com o botão da calça aberto.
Contudo, a delegada descartou esta possibilidade e informou que não se tratou de um crime de natureza sexual. “O exame de necrópsia não demonstrou secreção proveniente de relação sexual no corpo da vítima”, comentou Iumara Gomes.
Sem revelar quais foram os indícios, ela adiantou também que Aryane não foi assassinada no matagal em que foi encontrada. “Quem fez a cena do crime talvez quis dar a entender que era um crime de natureza sexual”, disse. Ela não citou o investigado Luís Neto, mas uma das principais teses da defesa dele é de que Aryane poderia ter sido vítima de um “maníaco”. Outro laudo que vai ajudar a elucidar o caso, mas cujo resultado ainda não saiu, é o da perícia no carro do suspeito.
O contato entre os dois na noite do crime, inclusive, foi comprovado por meio da quebra de sigilo das ligações telefônicas dos envolvidos no caso. Para a delegada, está comprovado que a última pessoa com quem Aryane (foto) falou pelo celular antes de morrer foi Luís Neto.
Ela ainda está analisando o registro das chamadas que ele fez e recebeu na noite de 15 de abril, incluindo os horários e os números dos telefones.
A delegada ainda comentou que tem um prazo de 30 dias a partir da data do crime, ou seja, até o dia 15 de maio, para concluir as investigações.
Polêmica das entrevistas gravadas
O estudante se negou a responder às perguntas feitas por Iumara Gomes na presença de um promotor e do advogado de defesa. O interrogatório foi gravado em vídeo, assim como os demais depoimentos de testemunhas, mas o advogado de defesa Aluísio Lucena questionou a legalidade das gravações; hipótese que foi rebatida pela investigadora.
“Provavelmente, o advogado desconhece a lei que alterou o Código de Processo Penal no que diz respeito ao artigo 405, que preceitua que os depoimentos do indiciado e das testemunhas podem ser gravados. Isso mostra que eu estou procedendo da maneira correta”, comentou. A delegada defendeu que tem um estilo diferente e atualizado de trabalhar, utilizando os recursos tecnológicos necessários para assegurar que não cometerá erros ao apurar os fatos.
Próximos passos
O procedimento investigatório terá continuidade na semana que vem, quando a delegada vai ouvir os soldados que atenderam à ocorrência e tiveram o primeiro contato com o local em que o corpo de Aryane foi encontrado.
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