Caso Aryane: Juiz acata denúncia e defesa tem dez dias para se pronunciar

Da Redação
Com Assessoria do TJ

O juiz Marcos William, do 1º Tribunal do Júri, acatou a denúncia do Ministério Público contra Luís Paes Neto (foto), único suspeito do assassinato da estudante Aryane Thays.

A denúncia foi apresentada pelo promotor de justiça Alexandre Varandas na segunda-feira (28), após o recebimento do inquérito policial que apresentava novas provas contra o acusado.

De acordo com o juiz do caso, os advogados do acusado têm o prazo de dez dias para apresentar a defesa escrita e ouvir as testemunhas. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, o magistrado tem 90 dias para concluir a instrução do processo. Neste período o juiz terá condições técnicas e jurídicas para pronunciar, ou não, Luís Neto. Caso ele seja pronunciado, será julgado pelo Tribunal do Júri.

O laudo do carro do estudante de Direito mostra que houve violência dentro do veículo. No local foram encontrados cabelos de Aryane, que segundo a delegada do caso, Iumara Gomes, eles teriam sido arrancados da vítima. Ainda no carro a perícia encontrou vestígios de gramas semelhantes a vegetação do local onde o corpo da estudante foi encontrado.

Luís Neto é considerado o único suspeito da morte de Aryane (foto), que estava grávida dele, segundo confirmou um exame de DNA. Outro fato que conta contra ele foi o encontro que teve com Aryane na noite da morte dela. Segundo a delegada, registros telefônicos comprovam que Luís Neto foi a última pessoa a ter contato por celular com a vítima.

Contradições

Dentre as incoerências nas informações prestadas, o promotor relatou que o acusado atribuiu à vítima interesse no aborto, o que foi negado pelas testemunhas inquiridas. Conforme exame laboratorial realizado no dia 13 de abril, Aryane estava grávida e, no dia, 14, recebera oito telefonemas do acusado a fim de encontrá-la para comprarem medicamento abortivo.

Outra contradição se refere aos horários informados pelo acusado naquela ocasião. Ele alega que, na noite do crime, ficou dirigindo pelo bairro de Jaguaribe até às 22h15, antes de chegar em casa, quando teria assistido a todo o jogo de futebol (que tem início às 21h50).

Ainda segundo a denúncia, quando a família da vítima tomou conhecimento do desaparecimento e morte da jovem, procurou Luís Paes Neto, em seu local de trabalho. Após receber a notícia, a família dela alegou que o mesmo teria se comportado de maneira “extremamente fria, totalmente indiferente ao acontecimento”.

Quanto à lesão existente em seu corpo, o réu afirmou que teria ocorrido há mais de 24 horas em relação ao dia do crime, fato não demonstrado pelo exame traumatológico ao qual se submeteu, que atestou o contrário (menos de 24 horas).

Defesa

O advogado Genival Veloso afirmou que Luis Neto não vai conceder entrevista coletiva. "Não tem possibilidade nenhuma de acontecer essa entrevista. É prejudicial para ele. Quem fala é o advogado e não o réu", explicou Genival.

Sobre a possibilidade de questionar os resultados da perícia e do exame de DNA, o advogado afirmou que durante o processo pode ser pedido nova perícia e um outro exame. " A perícia foi inconclusiva e tendenciosa. Ela pode levar a várias interpretações. Se for necessário nós vamos pedir um novo exame de DNA", finalizou o advogado.