COTIDIANO
Caso Victória Aragão: o que se sabe sobre a adolescente que desapareceu e foi encontrada morta em Galante
Maria Victória Aragão alves, de 14 anos, desapareceu no dia 26 de agosto, após avisar a família que iria encontrar com as amigas em um campo de futebol próximo da casa onde morava em Galante.
Publicado em 16/09/2023 às 16:10 | Atualizado em 16/09/2023 às 17:06
A adolescente Maria Victória Aragão Alves, de 14 anos, foi vista pela última vez por volta das 19h do dia 26 de agosto, em Galante, distrito de Campina Grande. Segundo informações da família, a garota informou que iria encontrar as amigas em um campo de futebol próximo a casa onde morava e não voltou mais para casa.
Ao estranhar a falta de notícias de Victória, na madrugada do domingo (27), a família fez um boletim de ocorrência informando o desaparecimento. “Eu estou nervosa e preocupada. Victória é uma menina boa, nunca se envolveu com drogas e não era rebelde”, afirmou Vanessa em entrevista ao g1.
Três dias depois do desaparecimento um corpo foi encontrado em Galante e nesta terça-feira (5), a Polícia Civil confirmou a identidade como sendo a adolescente Victória Aragão.
Mensagem enviada ao avô
Segundo Vanessa Aragão, mãe de Victória, ainda no dia 26 de agosto, a adolescente teria enviado uma mensagem para o avô por volta das 21h dizendo que odiava Galante, odiava a todos e que iria embora para Campina Grande.
Esse foi o último contato entre a menina e a família.
Para a mãe da adolescente, não foi a menina quem enviou o texto. Vanessa, que mora no Rio de Janeiro, contou à TV Paraíba que conversava todos os dias com a filha, e que desconfiou que ela estava desaparecida pois parou de receber mensagens.
Ainda segundo a mãe, a mensagem enviada ao avô era diferente de qualquer outro tipo de mensagem que a jovem já enviou para a família, pois todos os textos eram carinhosos.
Corpo encontrado
Três dias depois do desaparecimento de Victória, no dia 29 de agosto, um corpo foi encontrado em uma região de mata, onde o acesso se dá por um terreno baldio no Centro do distrito de Galante.
Segundo informações da polícia, o corpo estava em estado de decomposição e não era possível determinar o sexo ou idade da pessoa sem a realização de exames. No corpo, os peritos encontraram apenas um anel preto em uma das mãos.
Nesta terça-feira (5), após um trabalho investigativo da Delegacia de Homicídios e do Instituto de Polícia Científica (IPC), foi confirmado que o corpo encontrado era de Victória. Os avós de Victória teriam identificado o corpo da menina por causa das unhas, pintadas de azul, e de um anel que ela usava.
Crime premeditado
Durante uma entrevista coletiva na 2ª Superintendência de Polícia Civil em Campina Grande, o delegado do caso, Ramirez São Pedro, afirmou que o crime contra Maria Vitória foi premeditado.
Para Ramirez, os primos da vítima são os autores do homicídio e que a vítima foi atraída para o local onde ela acabou sendo morta a facadas.
De acordo com o delegado, os celulares dos suspeitos foram apreendidos e que foi possível resgatar diálogos em que os dois conversavam sobre o ocorrido, há pelo menos 15 dias.
Além disso, a Polícia Civil descobriu também que os dois fizeram pesquisas sobre o manuseio e efeitos de produtos químicos no corpo humano.
Ramirez destaca que não houve a participação de uma terceira pessoa no homicídio e que, o assassinato se deu no mesmo local onde o corpo foi encontrado.
A defesa de um dos adolescentes apreendidos disse, em depoimento, que o jovem revelou que “não participou diretamente” da morte de Victória Aragão, porque “eles saíram para se divertir e não esperavam que chegasse a esse ponto que chegou”. O advogado ainda disse que “a participação do jovem foi estar no lugar errado” e que “não tem culpa dos fatos que aconteceram”.
Forjando o crime
Antes do corpo de Vitória ser encontrado, os adolescentes tentaram forjar um desaparecimento voluntário, mas ao verem que não daria certo eles tentaram forjar pistas na casa de um terceiro adolescente para tentar incriminá-lo.
Contudo, segundo Ramirez, os dois confessaram a participação no assassinato, mesmo que com pequenas divergências nas versões de cada um.
Motivação
Ainda durante a coletiva, o delegado disse que o primo, de 15 anos, queria matar Vitória por ser fanático por um seral killer norte americano e queria por em prática o que ele via em séries sobre o criminoso.
Uso de produtos químicos
Conforme o diretor do Núcleo de Medicina e Odontologia Legal (Numol), Marcio Leandro, os efeitos das substâncias no corpo da vítima foram impactantes.
Marcio comenta que não era possível identificar órgãos internos como coração, rins, pulmão e isso comprova o uso de substâncias químicas para tentar esconder o corpo.
O Numol não soube identificar quais elementos químicos foram usados e como os adolescentes conseguiram ter acesso a eles.
Os policiais junto com o Numol só conseguiram identificar Vitória por causa de um pedacinho de pele encontrado em um dedo, o que fez o corpo da vítima ser liberado.
Com isso, a Polícia Civil considera o inquérito concluído. Os adolescentes estão apreendidos e aguardam a decisão da justiça.
O enterro de Maria Vitória Aragão acontece na tarde deste sábado (16).
O que pensa a família
Victória Aragão era criada pela avó Sônia Dias e pelo Avô Geneton Aragão. A família da adolescente acredita que a garota foi levada até o local onde foi morta por alguém conhecido.
Segundo Sônia Dias, a adolescente tinha duas amigas próximas, que frequentavam a casa há muito tempo, mas que no último mês, pessoas desconhecidas passaram a se aproximar da neta, e que ela não gostava dessas novas amizades.
Essas pessoas foram capazes de fazer isso com minha menina, que eu criei desde que nasceu. A mãe sempre deu assistência, mas 24 horas por dia era comigo. Eu tinha minha menina, explicava que não podia entrar em carro e ir com pessoas desconhecidas, mas essas pessoas se aproximaram de Victória para se aproveitar da bondade dela. Ela foi atraída por uma pessoa muito conhecida", afirmou a avó.
O avô, Geneton Aragão, explicou que notou há algum tempo que a neta estava mais calada, e por diversas vezes a ouviu discutindo com outras pessoas e chorando no telefone.
Foram 11 dias de muita tristeza, não sei como passamos aguentando o sufoco dentro de casa. A menina não tinha relação com essas pessoas, era amiga de colégio. De repente acontece uma situação dessas e a gente não sabe qual foi o problema, porque ela muito mal saía de casa. Passava a noite todinha no celular se comunicando com alguma pessoa, a gente ia para o quarto e só ouvia ela discutindo, mas não tinha ideia de quem era. E ela chorava e dizia que estava conversando com uma amiga", disse o avô da adolescente.
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