COTIDIANO
Cauby Peixoto cantando Beatles virou Caubeatles!
Publicado em 08/09/2017 às 7:10 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:44
Feriado é bom para reaudições.
Peguei o box Cauby Peixoto, O Mito, lançado quando o artista fez 80 anos e celebrou 60 anos de música.
Adoro Cauby!
Comento os três discos.
O primeiro disco da caixa é A Voz do Violão, o título retirado da música de Francisco Alves que fecha o repertório. O conceito: Cauby Peixoto acompanhado somente ao violão de Ronaldo Rayol, cantando, à exceção de Granada, standards da música popular brasileira de várias épocas. Principalmente a partir da Bossa Nova. Tem Antônio Carlos Jobim (O que Tinha de Ser), Chico Buarque (As Vitrines, Todo o Sentimento), Caetano Veloso (Minha Voz, Minha Vida), Edu Lobo (Pra Dizer Adeus numa versão em francês), Marcos Valle (Viola Enluarada), Taiguara (Hoje), Gonzaguinha (Guerreiro Menino) e Ivan Lins (Lembra de Mim). Claro que o disco não foi feito de improviso, mas é despojado o suficiente para dar a impressão de estarmos diante de Cauby do jeito que ele cantaria estas canções em casa. Parece um registro feito para enfatizar a voz do intérprete extraordinário.
O segundo disco é uma grande surpresa. Cauby cantando Beatles. Ou melhor: Caubeatles. Quem só é fã dos Beatles, não gostará. Quem é apenas da legião de fãs de Cauby, não estranhará. Quem admira os dois, precisará ser um ouvinte sem preconceitos para apreciar. Cauby já era um artista consolidado quando os Beatles apareceram. Seu repertório era outro, seus interesses musicais não passavam pelas canções de John Lennon & Paul McCartney. O que temos neste disco é uma descoberta tardia. O intérprete personalíssimo adaptando à sua voz músicas sobre as quais nunca se debruçou. Por isto, fica a sensação de que às vezes ele não está suficientemente à vontade. O set list privilegia as baladas e as melodias compostas por McCartney. A tentação de transformar tudo em bossa foi evitada, e And I Love Her, que sempre pareceu um bolero, foi por fim abolerada.
O terceiro disco celebra a longa carreira do artista. É Cauby ao Vivo, 60 Anos de Música. Na abertura, o intérprete toma para si os versos de Força Estranha, que Caetano Veloso compôs para Roberto Carlos: “Por isto uma força me leva a cantar/por isto esta força estranha”. E segue com Cauby!, Cauby!, aí sim, escrita por Caetano para ele. A próxima parte é dedicada ao repertório internacional. Sem a surpresa dos Beatles. Músicas em inglês, espanhol, italiano, francês. Performances notáveis. Depois, os duetos. Cauby convida amigos para dividir o palco. De Ângela Maria a Vânia Bastos, de quem destaca a voz afinadíssima. De Agnaldo Rayol a Fafá de Belém, de Agnaldo Timóteo a Emílio Santiago. Não poderiam faltar A Pérola e o Rubi e Bastidores, sucessos de momentos distintos. A obrigatória e eterna Conceição fecha o show com Cauby sozinho no palco.
Comentários