COTIDIANO
CD natalino de Eric Clapton é tão triste quanto o Natal
Publicado em 05/12/2018 às 9:18 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:37
Cresci ouvindo ótimos LPs de Natal que meu pai tinha em sua discoteca. Nada de A Harpa e a Cristandade, que era horrível e tocava em todos os lugares.
Eram orquestras, ou corais, interpretando os clássicos natalinos, desde a inevitável Silent Night até White Christmas, de Irving Berlin, que, àquela altura (anos 1960), já havia se transformado num clássico.
Os discos eram tão alegres quanto o próprio Natal. É o que a gente pensa na infância.
Mais tarde, perdas acumuladas, as canções natalinas são tão tristes quanto o Natal. É o que a gente sente na medida em que o tempo passa.
Eric Clapton ficou velho e doente antes de gravar seu disco natalino. Muitos fizeram mais cedo. Sinatra, Elvis, Ray Charles, Stevie Wonder. Até Bob Dylan, que não é cristão.
O CD de Clapton, lançado há pouco, se chama Happy Xmas.
Na capa tem um Papai Noel desenhado pelo artista. Um desenho infantil.
É um disco belo e triste. Produto de um artista cuja doença - neuropatia periférica, consequência do alcoolismo - quase o impede de tocar guitarra e praticamente o tirou dos palcos.
E é um disco cheio de blues. Não poderia ser diferente em se tratando de Eric Clapton. A escolha acentuou a melancolia que há nesse repertório gravado pelo grande guitarrista.
Também há um pouco de country e baladas.
White Christmas e Silent Night, óbvias, estão no disco ao lado de canções muito menos conhecidas.
Somente a versão dance de Jingle Bells não combina com as demais faixas. Mas pode ser uma tentativa de animar um pouco a festa.
Happy Xmas não soa como um disco natalino tradicional. Soa como um disco de Eric Clapton.
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Quando estava perto de morrer, ao ser indagado sobre que presente de Natal queria receber, Frank Sinatra respondeu à filha Nancy:
Viver para ter mais um Natal.
Que Eric Clapton ainda tenha vários.
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