COTIDIANO
Choque térmico causa paralisia
Mudança abrupta de temperatura, do quente para o frio, pode provocar contrações nos músculos da face.
Publicado em 17/03/2013 às 8:00 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:28
A mudança abrupta de temperatura pode trazer vários danos à saúde humana, como a paralisia facial periférica (PFP). A lesão acometeu o motoboy Anderson Leal, 32 anos. Ele contou que quando retornou ao local de trabalho e entrou na sala climatizada, após algumas entregas realizadas sob o sol forte de João Pessoa, sentiu uma certa dificuldade em piscar um dos olhos, assim como dormência na língua. Chegou a imaginar que estivesse sofrendo um Acidente Vascular Cerebral (AVC) mas, ao se consultar com o neurologista, foi informado que os sintomas se enquadravam numa paralisia facial provocada por choque térmico.
“Quando entrei na sala, senti de imediato uma sensação estranha. O olho parecia pesado, não conseguia piscar direito, minha língua ficou dormente e sentia meu rosto enrijecendo, como se estivesse congelado. Foi muito estranho, mas nem me importei muito. Depois fui ao banheiro e não percebi diferença, mas fixando os olhos no espelho vi que o olho estava meio baixo e a boca um pouco torta”, detalhou.
Envergonhado pela forma irregular que o rosto tomou, Anderson Leal disse que, enquanto está fazendo o tratamento para recuperar a forma natural da face, só sai de casa para trabalhar.
“Eu dependo do meu trabalho e por isso continuo a realizá-lo, mas quando não estou com o capacete, uso um boné como tentativa de disfarçar a paralisia. Por enquanto prefiro me reservar até que tudo volte ao normal”, relatou.
Anderson declarou ainda que, após o ocorrido, ficou receoso e que, por isso, toma alguns cuidados para que o caso não se repita ou mesmo se agrave. “Quando chego da rua espero o corpo esfriar um pouco para poder entrar na sala ou em qualquer outro local que tenha ar condicionado. Essa mesma orientação repassei para meu amigos e colegas de profissão”, disse.
No entanto, segundo a neurologista Ana Moema Pereira Nóbrega, não há uma prevenção específica, porém sinaliza que devem ser controladas condições que possam diminuir a imunidade, “já que uma das teorias aceitas é de que a doença seja de caráter autoimune”, explica.
Ela disse ainda que é comum as pessoas confundirem a paralisia facial periférica com o AVC. “No consultório, não é muito frequente atendermos esses pacientes, pois geralmente procuram os serviços de urgência nas primeiras 24h, principalmente pelo receio que a paralisia seja causada por um ACV”, afirmou.
De acordo com Ana Moema, os jovens e crianças podem ficar despreocupados, pois conforme registros, a maior incidência de paralisia facial periférica acomete principalmente em adultos.
A neurologista disse que o problema pode ser identificado facilmente pelo quadro clínico inicial insidioso (quando aparece aos poucos sem apresentar sintomas específicos), geralmente entre o período de 12h até 24h. “Diferente da paralisia causada por um AVC que é de instalação súbita, geralmente precedida por um quadro viral, infecção do aparelho gastrointestinal (gastroenterite), dor retroauricular de média a forte intensidade”, comparou.
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