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COTIDIANO

Com Dom Aldo na Arquidiocese, a cadeira de Dom José ficou vazia

Publicado em 06/07/2016 às 9:08 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:49

Saio das conversas sobre música e cinema para falar um pouco do assunto mais importante do dia aqui na Paraíba: a renúncia do arcebispo Dom Aldo Pagotto.

Em síntese, quero registrar uma percepção que tive ao longo desses 12 anos em que Dom Aldo ficou na Paraíba: com ele à frente da Igreja Católica, a cadeira ocupada durante três décadas por Dom José Maria Pires (e por Dom Marcelo Cavalheira num período mais breve) permaneceu vazia!

O fato é que o mineiro Dom José (nosso Dom Pelé, ou Dom Zumbi) foi um extraordinário pastor no comando do rebanho católico paraibano. Representante do clero progressista, atuando num período de grandes restrições às liberdades, ele não se ateve somente à sua missão evangelizadora. Também se posicionou com firmeza ao lado dos que lutavam pelo fim da ditadura, mas sem perder a singular capacidade que tinha de dialogar com aqueles a quem claramente se opunha.

Dom Aldo chegou à Paraíba no início dos anos 2000. Aquela igreja que, no tempo de Dom José, proclamara a sua opção pelos pobres não existia mais. Mas esse não era o maior problema: o novo arcebispo era acusado de acobertar um caso de pedofilia dentro da Igreja, no Ceará. Dom Aldo, na melhor das hipóteses, estava (incomodamente) muito perto de um dos temas que mais afligem a Igreja Católica: a presença de pedófilos no clero.

Contrário ao envolvimento de padres com a política, cortejou o poder com posturas muitas vezes constrangedoras. Em suas falas, em seus escritos, defendeu posições atrasadas, em oposição aos avanços que o mundo experimenta e que a Igreja do Papa Francisco parece sentir a necessidade de compreender.

Não parecia um pastor. Era um homem cercado por gigantes interrogações!

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Silvio Osias

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