COTIDIANO
Concerto de Zé Ramalho com a Sinfônica confirma a permanência da sua música
Publicado em 06/08/2016 às 7:37 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:47
A celebração dos 40 anos de carreira de Zé Ramalho começa com dois momentos distintos: o box do selo Discobertas com discos acústicos e o concerto com a Orquestra Sinfônica da Paraíba, realizado na noite desta sexta-feira (05) no teatro A Pedra do Reino, em João Pessoa.
Quem ouviu os discos e viu o concerto fica com extremos para degustar a música de Zé Ramalho. De um lado, as versões desplugadas e desnudadas das canções, quase do jeito que elas foram compostas. Na outra ponta, o encontro dessas canções com a riqueza e a massa sonora de uma orquestra sinfônica.
A comparação é um deleite. As versões acústicas dos CDs preparam o ouvinte para a grandiosidade do concerto sinfônico.
Os acordes iniciais e os primeiros versos de Avôhai arrebataram o público de quase três mil pessoas no teatro A Pedra do Reino. Que canção enigmática e mágica. Agora, vista de longe. Tão nordestina quanto universal.
Que beleza ver seu autor reapresentando a música na mesma cidade onde a cantou pela primeira vez, 40 anos atrás, num evento chamado Coletiva de Música da Paraíba, no velho Teatro Santa Roza.
Testemunhei os dois momentos. Separados por quatro décadas, eles podem sintetizar a longa caminhada de Zé Ramalho.
Essa noite dele com a Orquestra Sinfônica da Paraíba foi histórica. Doze canções retiradas de discos seminais ganharam os adornos luxuosíssimos de uma grande formação. Quase 140 músicos a executar os belos arranjos escritos por Emanoel Barros, um jovem de 21 anos. O solista era o próprio autor: Zé, sua voz e seu violão. Tudo sob a batuta de Luiz Carlos Durier, o maestro que não continha a alegria de estar ali.
Avôhai, Vila do Sossego, Chão de Giz, Admirável Gado Novo. Cada uma das canções do certeiro set list escolhido pelo compositor confirmava a força e a beleza da sua música. Mais do que isto: a permanência delas. O tempo, em sua inevitável passagem, já as tornou verdadeiros clássicos populares.
Clássico é o que diz respeito ao período do classicismo. Clássico é uma expressão utilizada para denominar a música de concerto. Mas clássico é também o repertório que fica. Explicou didaticamente o maestro Durier numa de suas falas à plateia.
O público do concerto de Zé Ramalho com a Orquestra Sinfônica da Paraíba foi testemunha de um encontro repleto de significados. Uma noite inesquecível. Para ficar muito bem guardada na nossa memória afetiva.
Salve, Zé!
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